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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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INFEÇÃO RECORRENTE POR CLOSTRIDIUM DIFFICILE

Sofia Bota1, Filipa Santos2, Luis Varandas1, Catarina Gouveia1, Gonçalo Cordeiro Ferreira2

1 - Unidade de Infecciologia;
2 - Unidade de Gastrenterologia Pediátrica;

Área de Pediatria Médica; Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central – EPE, Lisboa, Portugal

Comunicação oral sob a forma de poster. 14º Congresso Nacional de Pediatria, Porto, 13-15 de Outubro de 2013

Introdução: A incidência da infeção por Clostridium difficile (CD) tem aumentado nos últimos anos, sobretudo na população adulta. Em 5 a 35% dos casos verifica-se recorrência da doença, associada ou não à emergência de estirpes hipervirulentas. Nestes casos, a abordagem terapêutica não é consensual.

Caso Clínico: Criança de quatro anos, sexo feminino, com história de diarreia com sangue e muco com 13 dias de evolução, associada a dor abdominal, sem febre ou vómitos. À observação, não apresentava distensão abdominal nem ar tóxico. Analiticamente constatou-se anemia ferropénica, parâmetros inflamatórios normais e anti-corpos anti-transglutaminase positivos. A pesquisa de Clostridium difficile nas fezes foi positiva. Como fatores de risco a destacar: apendicectomia seis meses antes, antibioterapia de largo espetro prévia e doença celíaca ativa (comprovada por biopsia jejunal). Cumpriu 10 dias de metronidazol e teve alta após regressão do quadro com dieta sem glúten.
Primeira recidiva 4 dias depois, sendo novamente medicada com metronidazol, com boa resposta. Segunda recidiva na semana seguinte, medicada com vancomicina, metronidazol e probióticos. Terceira recidiva uma semana após suspensão do esquema. Nesta altura, é efetuado teste de sensibilidade microbiana, que revela resistência ao metronidazol, pelo que inicia vancomicina oral, com esquema de desmame durante 7 semanas, associada a imunoglobulina endovenosa (3 doses), mantendo-se, desde então, assintomática e sem excreção fecal de CD.

Conclusão: O tratamento da infeção recorrente porClostridium difficile é difícil. As opções aprovadas são muito limitadas e incluem o metronidazol e/ou a vancomicina per os podendo ser necessário, em última instância, recorrer ao transplante fecal ou a terapêuticas alternativas. Neste caso, a terapêutica prolongada com vancomicina oral associada à imunoglobulina foi eficaz, evitando o transplante.

Palavras-chave: Clostridium difficile; diarreia; metronidazol