1 Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Microbiologia, CEDOC, Lisboa.
2 Unidade de Infeciologia do Hospital D. Estefânia–CHLC.
3 Departamento de Patologia Clinica do Hospital D. Estefânia–CHLC.
O vírus herpes 6 (HHV6) éo agente responsável pelo exantema súbitoem crianças. Algumas publicações sugerem uma associação entre a infeção por este vírus e as convulsões febris na idade pediátrica. No entanto, não temos conhecimento de algum trabalho realizado em Portugal sobre este assunto. O presente trabalho tem como objetivo determinar a taxa de infeções pelo HHV6 num grupo de crianças com o diagnóstico clínico de convulsões febris.
A população estudada foi constituída por 49 crianças (idades 4 meses - 5 anos) que recorreram ao Serviço de Urgência do HDE–CHLC, com convulsão febril. Recolheu-se em fase aguda amostras de soro (48), de sangue total (46) e de plasma (35). Após 4 a 8 semanas foi realizada uma 2ª colheita de soro em 16 crianças. Os métodos utilizados foram PCR em tempo-real para pesquisa do HHV-6 em amostras de plasma e sangue total (CMV HHV-6,7,8 R-geneTM, bioMérieux); ELISA para pesquisa de IgM e IgG em amostras de soro (Panbio® HHV6 IgGe Panbio® HHV6 IgM, Alere).
Detetaram-se na fase aguda, pela técnica da PCR, 22 amostras de sangue total e 6 amostras de plasma positivas para DNA; pela técnica de ELISA 27 amostras foram positivas para IgG e 1 para IgM. Na 2ª colheita, 12 amostras foram positivas para IgG e 1 para IgM (a mesma que apresentou resultado positivo na fase aguda).
Com base na análise conjunta destes resultados podemos concluir:
- 4 crianças tiveram infeção primária: 3 com PCR positiva e serologia negativa na primeira colheita (3/45); 1 seroconversão para IgG (1/16);
- 19 crianças com provável reativação ou reinfeção: 19/45 com PCR e IgG positivas, uma delas com IgM positiva;
- 5/45 crianças tiveram apenas IgG positivas, sem sinais de infeçãoativa (PCR negativa) indicando que já tinham sido previamente expostas ao HHV-6;
- 3/48 crianças tiveram IgG positiva, mas não realizaram PCR, pelo que a presença de infeçãoativa não pode ser confirmada ou excluída;
- 17/45 crianças tiveram tudo negativo, indicando que ainda não tiveram contato com o HHV6.
Em conclusão, num total de 49 crianças com convulsão febril, 8% tiveram infeção primária e 39% provável infeção secundária. Que seja do nosso conhecimento, este é o primeiro relato de uma percentagem elevada de casos deinfeção secundária associada a convulsão febril.
Palavras-chave: vírus herpes 6, convulsão febril, criança