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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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IMPACTO DA NUTRIÇÃO PRECOCE NA DOENÇA CRÓNICA DO ADULTO

Luis Pereira da Silva

Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

I Jornadas da Mulher e da Criança do Hospital Divino Espírito Santo. Ponta Delgada, 16/05/2013.

A má-nutrição energético-proteica (EP) do feto e do pequeno lactente pode ter impacto na saúde futura, inclusive na idade adulta. A má-nutrição inclui a desnutrição e a sobrenutrição.

A resistência á insulina é um mecanismo relevante na etiopatogénese da doença metabólica (diabetes tipo 2, doença cardiovascular e obesidade). Em modelos experimentais, em fetos sujeitos a privação EP foram descritas apoptose células-β, anomalias da secreção da insulina e redução permanente dos transportadores de glicose no músculo. Assim, a privação EP pode originar no feto mecanismos de adaptação com consequentes alterações estruturais e metabólicas permanentes, consideradas determinantes precoces da síndrome metabólica futura. Quer na desnutrição intrauerina, quer na que ocorre no período neonatal, a rápida recuperação do peso nos primeiros meses, resultante de nutrição agressiva, aumenta sobremaneira o risco de doença metabólica tardia.

O desenvolvimento do tecido adiposo inicia-se na vida fetal, com um surto a partir do final do segundo trimestre de gestação. A sobrenutrição materna pode originar alterações permanentes no feto, ficando este programado para a obesidade, por aumento do número de neurónios no hipotálamo expressando os potentes neuropéptidos orexigénicos NPY e a incapacidade do feto em aumentar a expressão de CART (potente neuropéptido anorexigénico) em resposta ao aumento da massa gorda corporal. No actual contexto de “globesidade”, este é um campo de investigação que actualmente motiva muito interesse. No lactente nascido de termo, o excesso de ingestão proteica pela fórmula láctea, durante os primeiros meses de vida, associa-se a efeito adipogénico pela excessiva secreção de IGF-I e insulina, predispondo à obesidade.

Palavras-chave: doença metabólica, má-nutrição fetal, má-nutrição pós-natal, obesidade, programação