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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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HISTERECTOMIA POR PELVIPERITONITE PÓS CESARIANA E MIOMECTOMIA: CASO CLÍNICO

Ana Cristina Nércio, André Correia, Maria João Nunes, Filomena Sousa

Serviço de Ginecologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa
- 3º Congresso Nacional de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal

Introdução: A prevalência de miomas uterinos durante a gravidez é estimada entre 1,5 e 12,6%. Embora a maioria dos miomas não cause complicações durante a gravidez, a sua existência está relacionada com uma frequência aumentada de parto pré-termo, apresentações anómalas, cesariana e hemorragia pós-parto. A miomectomia per-cesariana tem sido classicamente desencorajada, contudo vários estudos demonstram ser um procedimento exequível, sem estar associada a complicações significativas. A histerectomia peri-parto ocorre em 0,04% a 0,23% dos partos e está associada a morbi-mortalidade significativa. A sua principal causa é a hemorragia uterina, mas existem outras, como os miomas uterinos.

Relato do caso: Grávida de 33 semanas é submetida a cesariana por situação transversa e rotura prematura pré termo de membranas com líquido amniótico ausente. A extracção fetal foi dificultada por sequestro e pela presença de vários miomas procedendo-se a extensão da incisão em T invertido e múltiplas miomectomias. O puerpério decorreu sem intercorrências até às 36h, altura em que inicia quadro febril com alterações laboratoriais compatíveis com infecção. Procedeu-se a ajuste da terapêutica com recurso a antibioterapia de largo espectro, mas houve manutenção do quadro febril com agravamento laboratorial. Realizou Ressonância Magnética ao 11º dia de puerpério que confirmou o diagnóstico de pelviperitonite com piomioma tendo-se procedido a Histerectomia Subtotal Abdominal com conservação de anexos. Durante o pós- operatório ocorreu progressiva apirexia e normalização laboratorial tendo alta ao 7ºdia.

Conclusões: Neste caso foram efectuadas múltiplas miomectomias durante a cesariana pela necessidade de retirar o feto sequestrado. Apesar da controvérsia na literatura, existe consenso quanto à sua realização no caso de necessidade determinada pela própria intervenção cirúrgica. A  realização  de  histerectomia  durante  a  cesariana,  também  não  sendo  consensual, poderia ser questionada neste caso pelo risco de infecção e pela inviabilidade do útero.