1 - Unidade de Pneumologia, Departamento de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa.
2 - Serviço de Cardiologia Pediátrica, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa.
3 - Serviço de Imagiologia, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa.
- Secção de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Reunião de Casos Clínicos, Porto, 2013
- Prémio de Melhor Poster
Introdução: A hemoptise é rara na criança, no entanto pode apresentar-se como uma emergência respiratória ou como manifestação de patologia potencialmente grave. A infecção respiratória, a aspiração de corpo estranho e a cardiopatia congénita são as etiologias mais frequentes. As bronquiectasias, em especial na criança com fibrose quística, são uma importante causa de hemoptises. Outras etiologias, como a hemorragia associada a trauma, alterações hematológicas ou sindromes imunológicos são também de considerar.
Descrição de caso: Apresentamos um caso clínico de uma criança do sexo masculino, 6 anos de idade, enviada à consulta externa por hemoptise associada a tosse produtiva crónica. Sem episódios de engasgamento, trauma, febre ou dificuldade respiratória. Ao exame físico não apresentava sinais ou sintomas de doença crónica e sem alterações relevantes na auscultação pulmonar. A radiografia de tórax revelou uma discreta hipotransparência heterogenea no lobo médio e a avaliação analitica não apresentou qualquer alteração, incluindo mantoux anérgico, ausência de parâmetros de infecção ou de alterações da coagulação e gasimetria normal. Após novos episódios de hemoptises, a investigação clínica foi alargada com a realização de broncoscopia (sem malformações; inflamação moderada) e Angio-TAC que revelou a presença de uma colateral aorto-pulmonar de alto débito e varicosa com irrigação para lobo inferior direito e lobo médio. O ecocardiograma não revelou qualquer alteração estrutural ou funcional. Foi submetido a cateterismo cardíaco com embolização vascular, mantendo-se assintomático desde então, sem novos episódios de hemoptises e sem sintomas respiratórios.
Conclusões: Nas situações de hemoptise, a terapêutica baseia-se no conhecimento da causa e da gravidade da situação. Na sua maioria, o controlo das hemoptises consegue-se apenas com terapêutica conservadora. As malformações vasculares são causas raras de hemoptises e são exemplos da necessidade de recorrer a outras modalidades terapêuticas, nomeadamente a intervenção endoscópica e embolização.