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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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FRATURAS CRANIANAS E PRÁTICAS DESPORTIVAS NA ADOLESCÊNCIA – A PROPÓSITO DE DOIS CASOS CLÍNICOS

Tânia Moreira1, Teresa Castro2, Herédio Sousa3, Mário Matos4, Maria do Carmo Pinto1

1-Unidade de Adolescentes, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa; 2- Serviço de Pediatria, Hospital Espírito Santo de Évora, Évora; 3- Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa; 4- Serviço de Neurocirurgia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa

Introdução: As principais causas de morbi-mortalidade nos adolescentes resultam dos comportamentos de risco. Das lesões associadas ao desporto, 20% são fraturas.

Relato de caso: Dois casos de adolescentes de 17 anos, do sexo masculino.
Caso 1 - atleta de futebol federado, com traumatismo cranioencefálico (TCE), após queda durante o jogo, sem perda de conhecimento (PC), com otorragia. Ao exame objetivo - Glasgow 15, ouvido direito (OD) com membrana timpânica (MT) íntegra com hemotímpano, laceração do canal auditivo externo e ausência de sinais de paresia facial. A tomografia computadorizada (TC) cranioencefálica (CE) revelou foco de contusão temporal direito, fratura linear parietal direita, fratura do rochedo e da escama temporal à direita e pneumoencefalia. Às 48h, iniciou hipoacusia homolateral direita, seguido de paresia facial periférica direita, grau III/VI, sinal de Bell positivo. A TC-CE documentou aumento do componente edematoso dos focos de contusão e a TC-OD revelou vários traços de fratura do temporal direito. Iniciou antibioterapia e corticoide oral, terapêutica tópica e fisioterapia. Teve alta ao 15º dia com melhoria imagiológica e após um mês sem sequelas.
Caso 2 - praticante de parkour, vítima de queda de 3 metros de altura, resultando TCE com PC, vómitos e amnesia para o acontecimento. À admissão, com cefaleias parieto-occipitais e náuseas, Glasgow 15, sem outras alterações. A TC CE revelou fratura do occipital, temporal e côndilo direitos, contusão hemorrágica/edematosa fronto-basal esquerda com efeito de massa local. Manteve vómitos 48 horas, iniciou hipoacusia, dorsalgia ao movimento e anosmia. Avaliação ORL-OD com MT íntegra, hemotímpano em reabsorção e testes audiológicos normais. A TC de controlo revelou evolução favorável do foco de contusão, sem efeito de massa. Teve alta melhorado, mantendo apenas anosmia.

Conclusões: As fraturas basilares associam-se a complicações do tipo perda da acuidade auditiva, em cerca de metade dos doentes e lesão de pares cranianos, sobretudo VII par, na fratura temporal. Impõe-se a abordagem multidisciplinar, com internamento hospitalar para vigilância. A TC é o exame de eleição para o diagnóstico e monitorização das lesões, não sendo desprezível a dose de radiação.
A prática desportiva pode acarretar lesões com potencial gravidade, daí a importância da prevenção e utilização de equipamento de proteção.

Palavras-chave: Traumatismo crânio-encefálico, Desporto, Adolescência