1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central;
2 - CEDOC, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa;
3 - Departamento de Fisiopatologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa;
4 - Departamento de Bioestatística e Informática, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa;
5 - Gabinete de Apoio Estatístico e Epidemiológico, Centro de Investigação do Centro Hospitalar de Lisboa Central;
6 - Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa; 7- Hospital da Luz, Lisboa.
XXXIV Reunião Anual da SPAIC. Vale de Lobo, Outubro de 2013.
2º Prémio SPAIC/MSD 2013.
Introdução: A entrada no infantário associa -se a maior risco de sibilância com necessidade de recurso ao serviço de urgência. A exposição ambiental em infantários como factor de risco para episódios graves de sibilância não está sufi cientemente estudada.
Objectivos: Estudar potenciais factores de risco para episódios de sibilância que necessitem de recurso ao serviço de urgência associados à frequência de infantários (creche e jardim infantil).
Métodos: No âmbito do estudo ENVIRH (Environment and Health in children day care centers), seleccionaram -se, por amostragem estratificada, seguida de análise de clusters, 19 infantários com creche e jardim infantil, de Instituições Privadas de Solidariedade Social, em Lisboa e Porto. A qualidade do ar interior dos infantários foi avaliada em Março de 2011. Nos meses de Março e Abril de 2011 foi aplicado um questionário sobre frequência e gravidade da sibilância (n = 2287). Os dados foram analisados com modelos de regressão hierárquicos, devido às crianças estarem alocadas a salas e as salas alocadas à escola.
Resultados: Foram incluídos na análise 1191 questionários (52,1%), dos quais 52,4% eram rapazes. A mediana da idade das crianças à inquirição foi de 43 meses (P25 -P75: 28 -58 meses) e a mediana da idade de entrada no infantário foi de 12 meses (P25 -P75: 6 -24 meses). Nos meses estudados, 159 crianças (13%) recorreram ao serviço de urgência por sibilância. Na análise multivariável, os factores associados significativamente a ter recorrido ao serviço de urgência foram: existência de sinais de humidade em casa (OR: 2,01; IC95%: 1,34 – 3,02; p=0,001), a história parental de asma brônquica ou rinite alérgica (OR: 2,07; IC95%: 1,39 – 3,10; p<0,001), menor tempo de frequência no infantário (OR: 0,98; IC95%: 0,96 – 0,99; p=0,009; para cada mês de frequência) e a presença de ácaros do pó (Der p1 + Der f2) na sala de aula (OR: 1,08; IC95%: 1,01 – 1,16; p=0,018; calculado para aumentos de concentração de 1 μg/g de pó).
Conclusões: A exposição aos ácaros do pó no infantário associa –se a maior risco de recurso ao serviço de urgência por sibilância, ajustado à história pessoal e familiar da criança. Este risco parece diminuir com o tempo de exposição. Estes resultados alertam para a necessidade de implementação de medidas de evicção dos ácaros do pó doméstico nos infantários.
Palavras-chave: ácaros do pó, infantários, sibilância