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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES POR QUEIMADURA EM IDADE PEDIÁTRICA, NUM HOSPITAL DE REFERÊNCIA

Joana Roque, Maria Knoblich, Ana Moutinho, Inês Madureira, Aleksandr Samay, João Pascoal, Zinia Serafim, Paolo Casella

Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
VIII Congresso Nacional de Queimados, 13 Setembro 2013, Carvoreiro, Algarve


Resumo
:

Introdução: As lesões por queimadura representam um problema à escala mundial, constituindo a segunda causa de morte mais frequente em crianças com idade inferior a cinco anos. É um problema que pode ter um grande impacto na vida das crianças pela formação de cicatrizes, bridas cutâneas, deformidade e limitação funcional que culminam numa deterioração da qualidade de vida. O conhecimento da epidemiologia é importante, contribuindo para o planeamento de programas de prevenção.

Objectivo: Análise retrospectiva dos doentes pediátricos com idade inferior a 18 anos, admitidos no ano de 2012, na urgência, internamento e consulta do HDE, num total de 447 doentes.

Material e Métodos: Estudo do processo clínico, considerando idade, sexo, mecanismo de lesão, superfície corporal queimada, profundidade da queimadura, proveniência, intervenções, tempo médio de internamento, prevalência de complicações infecciosas e sequelas.

Resultados: Dos 447 doentes incluídos, 107 (23,9%) foram internados. Mais de 50% dos doentes eram do sexo masculino. A idade média dos doentes admitidos foi de 4,09 anos. A maioria dos doentes admitidos foi referenciada por outro hospital/instituição de saúde. De todas as consultas, 29% corresponderam a primeiras consultas. Dos 309 doentes admitidos na urgência, 82 (26,5%) foram internados, 10 (3,24%) deles com necessidade de internamento na Unidade de Cuidados Intensivos. O tempo médio de internamento foi de 19,25 dias (mínimo 1 dia; máximo 101 dias). Os restantes foram acompanhados em regime de ambulatório. Queimaduras térmicas, nomeadamente por líquidos quentes, foram as mais frequentemente observadas, havendo uma maior prevalência de queimaduras de 2º grau superficial e profundo. As principais intervenções terapêuticas foram: desbridamento cirúrgico, penso e tratamento de Medicina Física e Reabilitação. A maioria dos doentes não apresentou sequelas importantes, para além de despigmentação cutânea e formação de cicatrizes hipertróficas/queloides.
Não houve registo de mortalidade.

Conclusão: Muitas queimaduras são evitáveis com programas educativos, pelo que é necessário pensar num programa de prevenção, direcionado à população em geral, tendo especial atenção ao manuseamento de líquidos quentes na presença de crianças.