1- Serviço de Imunoalergologia, Hospitais da Universidade de Coimbra;
2 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte;
3 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central
XXXIV Reunião Anual da SPAIC. Vale de Lobo, Outubro de 2013. (Poster)
Introdução: Os antibióticos betalactâmicos são um dos grupos farmacológicos mais utilizados na população pediátrica. Algumas doenças infeciosas agudas da infância podem acompanhar-se de sintomas cutâneos que podem assemelhar-se a reações de hipersensibilidade a fármacos, levando a que muitas crianças recebam o rótulo de alergia medicamentosa.
Objetivo: Caraterizar a população pediátrica que realizou prova de provocação oral (PPO) a antibióticos, num Serviço de Imunoalergologia, num período de 1 ano (2011).
Métodos: Avaliação retrospetiva das PPO a antibióticos efetuadas em Hospital de Dia na população com menos de 18 anos. Recolheram-se dados relativos ao sexo, idade, fármaco, clínica, número e objetivo da prova, testes cutâneos e in vitro (doseamento de IgE específicas) e presença de atopia.
Resultados: Analisaram-se 60 crianças (67% sexo masculino) com uma média de idades de 6 anos (1-14). Os fármacos suspeitos foram amoxicilina e ácido clavulânico (60%), amoxicilina (27%), cefalosporinas (8%), penicilina (3%), flucloxacilina e ampicilina (2%). Em relação às manifestações clínicas, 95% dos doentes apresentavam sintomatologia cutânea (exantema maculopapular em metade dos casos) e 5% tinham queixas gastrointestinais. As reações tardias ocorreram em 78% dos casos. Foram realizadas 34 PPO com amoxicilina e ácido clavulânico, 20 com amoxicilina, 7 com cefalosporinas e 1 com flucloxacilina. As PPO foram negativas em 97% dos casos. Duas PPO foram inconclusivas por vómitos alimentares e uma delas foi repetida posteriormente sendo negativa. Em 60 PPO o objetivo foi a exclusão do diagnóstico (97%) e 2 PPO (3%) decorreram com fármacos alternativos. Duas crianças fizeram 2 PPO por suspeita de alergia a 2 antibióticos. Foram efetuados testes cutâneos com betalactâmicos a 15 crianças (25%) e testes in vitro em 30 (50%), tendo todos sido negativos. Dezanove crianças eram atópicas (32%).
Conclusões: Existe um sobrediagnóstico de alergia a betalactâmicos na idade pediátrica. O diagnóstico de alergia medicamentosa foi excluído na maioria dos doentes. A PPO mantém um papel crucial na abordagem destes doentes. É fundamental o envio à Imunoalergologia para esclarecimento da situação, de forma a não limitar as opções terapêuticas de forma permanente e desnecessária, numa faixa etária propensa a quadros infeciosos frequentes.
Palavras-chave: Alergia beta-lactâmicos, crianças, reacções de hipersensibilidade a fármacos