Serviço de Anestesiologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
- Sessão de formação no Serviço de Anestesiologia do Hospital de Dona Estefânia. Lisboa, 11/2013 (comunicação oral)
A enterocolite necrotizante éuma doença neonatal fulminante caracterizada por necrose intestinal. A sua etiologia émal conhecida, embora esteja possivelmente associada a manobras de reanimação neonatais em recém nascidos que são, frequente, de muito baixo peso ànascença. Tem uma incidência de 0,5 a 5 por mil nascimentos, mas entre as admissões na UCIN esta sobe para 1 a 5%. A doença caracteriza-se pelo desenvolvimento de intolerância alimentar, distensão abdominal, diarreia, letargia e sintomas respiratórios e hemodinâmicos, usualmenteapós a primeira ingestão entérica. Estas manifestações podem ser acompanhadas de sinais analíticos e imagiológicos sugestivos, embora inespecíficos. O tratamento de primeira linha é actualmente médico, com internamento em UCIN, realização de descompressão intestinal e antibioterapia empírica, para além medidas de suporte cardiovascular, respiratório e hematológico. Cerca de 20 a 40% dos casos, requerem tratamento cirúrgico que consiste usualmente em resseção intestinal e enterostomia. Do ponto de vista anestesiológico, éimportante a manutenção dos cuidados intistuídos e a estabilização destes doentes em contexto dinâmico de cirurgia de grande exposição. De facto, às particularidades anatomofisiológicas e farmacocinéticas, somam-se as da precocidade, da imaturidade orgânica e as alterações condicionadas pelo quadro clínico e abordagem cirúrgica. Por fim, existem algumas considerações éticas e deontológicas importantes em relação àinstituição de medidas de suporte avançadode vida que devem, sempre que necessário, ser discutidas com a equipa cirúrgica, da UCIN e com os pais.