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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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SÍNDROME PULMÃO DESTRUÍDO PÓS-INGESTÃO DE PILHA DE LÍTIO

Rosário Stilwell1, Miguel Correia2, Isabel Afonso3, Rui Alves4, Paulo Calvinho5, Ana Casimiro1

1 - Unidade de Pneumologia pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
2 - Unidade de cuidados especiais de recuperação nutricional e respiratória, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
3 - Unidade de Gastrenterologia pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
4 - Serviço de Cirurgia pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
5 - Unidade de Cirurgia Torácica, Hospital Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa

- Jornadas da Sociedade Portuguesa de Pneumologia Pediátrica e do Sono da SPP. Publicação sob a forma de poster

Introdução: A ingestão pilhas lítio, se não for reconhecida e não houver remoção do atempada da mesma, pode complicar com erosão da parede gastrointestinal e dos órgãos adjacentes.
Descrição de caso: Criança natural da Guiné-Bissau, evacuada aos três anos de idade por vómitos recorrentes e tosse crónica produtiva com um ano de evolução, com identificação de corpo estranho radiopaco no tórax. Na avaliação inicial apresentava-se eupneica e normoxémica, desnutrida (peso 8,3 kg, inferior ao percentil três), mucosas pálidas, na auscultação pulmonar abolição do murmúrio vesicular a esquerda, a direita com fervores, crepitações, intolerância parcial ao decúbito com engasgamento por secreções purulentas abundantes. Na TC tórax descrito corpo estranho compatível com pilha de lítio no esófago proximal, mediastinite, ectasia do tronco da artéria pulmonar, consolidação do pulmão direito com broncograma aéreo, estenose do brônquio principal esquerdo com atelectasia total do pulmão esquerdo. Durante a realização de TC episódio de aspiração complicado por paragem cardiorrespiratória, com recuperação após manobras, e pneumonia, com necessidade de antibioterapia de largo espectro prolongada. Encerramento cirúrgico da fistula esofagobronquica, remoção de pilha e construção de gastrostomia. Autonomização alimentar e respiratória progressiva, mantendo necessidade de ventilação não invasiva em período noturno. Após 10 meses, em TC tórax, o pulmão esquerdo mantinha de dimensões diminuídas, com parênquima substituído por fibrose/atelectasia do parênquima pulmonar e bronquiectasias varicosas. Realizada pneumectomia esquerda por toracotomia e encerramento de gastrostomia. Alta 23 dias apos pneumectomia sem necessidade de suporte ventilatório, com autonomia alimentar. Desde a alta mantem congestão pulmonar ligeira, controlada com furosemida, sem critérios ecocardiográficos de hipertensão pulmonar, sem intercorrências infecciosa, sem necessidade de suporte ventilatório, sem alterações das provas de função pulmonar com recuperação ponderal (15kg, percentil 5), sem deformação torácica.
Conclusões: O reconhecimento e intervenção após ingestão pilhas de lítio é crucial para a diminuir a potencial morbilidade. A pneumectomia é uma cirurgia agressiva e complexa, contudo, em situações de pulmão destruído, melhora a qualidade de vida do doente e previne complicações graves.