1 - Serviço de Anestesiologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- Reunião institucional da Área de Anestesiologia
O Tromboembolismo Venoso (TEV) em idade pediátrica é raro comparativamente com a idade adulta. No entanto, a incidência de TEV associada a internamento hospitalar em Pediatria está a aumentar e pode ser prevenido, reduzindo a morbilidade, mortalidade e custos associados. Em contexto perioperatório pediátrico, a decisão de realização de tromboprofilaxia deve ser multidisciplinar, considerando os benefícios e riscos da sua implementação, este trabalho pretende resumir e agregar a evidência atual sobre o tema. A incidência de TEV em crianças internadas varia de 4.9 a 21.9 por 10.000 admissões, existindo 2 picos de incidência: crianças com idade inferior a 1 ano e na adolescência. Existem vários fatores de risco para TEV, relacionados com o internamendo, como a imobilização e a utilização de cateter vensoso central, e relacionados com o doente, incluindo crianças com neoplasias, doenças renais (síndrome nefrótico), cardiopatia congénita, doença inflamatória intestinal, obesidade e recém-nascidos. Na prevenção de TEV, são utilizadas várias estratégias, desde medidas gerais, como hidratação e deambulação preococe; tromboprofilxaia mecânica, com utilização de dispositivos de compressão intermitente ou meias de compressão no tamanho apropriado; e tromboprofilaxia farmacológica. Antes da administração de tromboprofilaxia farmacológica para prevenção de TEV em Pediatria é de extrema importância avaliar o risco de hemorragia. A presença de qualquer fator de risco hemorrágico, nomeadamente hemorragia ativa, coagulopatias ou trombocitopenia, é uma contraindicação relativa à administração de enoxaparina em Pediatria. Assim, o uso de terapêutica anticoagulante é indicada apenas para doentes pediátricos que apresentam múltiplos fatores de risco (≥ 2 fatores de risco) e ausência de risco hemorrágico elevado. O risco de desenvolvimento de TEV deve ser avaliado na admissão hospitalar, antes da intervenção cirúrgica e esta avaliação é especialmente relevante em crianças ≥ 13 anos ou pós-púberes. Como conclusão deste trabalho e após revisão da literatura, foi criado um algoritmo de decisão e uma ficha de avaliação inicial a ser preenchida na admissão do doente. O objetivo final é auxiliar na decisão da necessidade de tromboprofilaxia no doente pediátrico proposto para cirurgia, à luz da evidência mais atual.
Palavras Chave: Pediatria, Profilaxia, Tromboembolismo