1 - Unidade de Infecciologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
2 - Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
3 - Serviço de Ortopedia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
- Poster com discussão no 22º Congresso Nacional de Pediatria
Introdução: A piomiosite é uma infeção primária do músculo esquelético que ocorre habitualmente por focalização bacteriana metastática no decurso de bacteriemia. Rara em idade pediátrica, é por vezes difícil de diagnosticar na fase inicial, sendo essencial diagnóstico e tratamento precoces.
Relato de Caso: Adolescente de 15 anos, sexo masculino, diabético tipo 1 com mau controlo metabólico (HbA1c 10,6%), que após treino de futebol, 15 dias antes do internamento, iniciou dor na face posterior da perna direita com impotência funcional. Por agravamento com eritema, calor e edema local sob tensão é internado. Analiticamente a destacar leucócitos 28.700/uL, neutrófilos 26.200/uL, proteína C reativa 381 mg/L e procalcitonina 11 ng/mL. Tomografia computadorizada com abcesso nos planos musculares. Iniciou antibioterapia (AB) endovenosa com cefotaxima, gentamicina e clindamicina e dada rápida progressão de sinais inflamatórios foi submetido a fasciotomia do compartimento lateral com saída de abundante conteúdo purulento de loca adjacente aos músculos fibulares, drenagem de abcesso no septo intermuscular posterior direito e desbridamento fascial. Revisões cirúrgicas em D2, D7 e D16. Na hemocultura e na cultura do exsudado isolou-se Staphylococcus aureus meticilina-sensível, resistente a eritromicina e clindamicina. Foi alterada AB para flucloxacilina e gentamicina. A D7 internamento iniciou oxigenoterapia hiperbárica. Alta em D31, clinicamente melhorado, sob flucloxacilina.
Conclusão: Destaca-se a gravidade da piomiosite, provavelmente relacionada com a diabetes tipo 1 mal controlada e com o diagnóstico tardio, em estadio II de piomiosite, já associada a fasceíte. Nestes casos a abordagem multidisciplinar, rápida e agressiva, é necessária para uma evolução favorável.