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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PERFURAÇÃO JEJUNAL ISOLADA NO TRAUMA PEDIÁTRICO – APRESENTAÇÃO DE 4 CASOS

Joana Patena Forte1; Sofia Ferreira De Lima1; Ema Santos1; Sofia Morão1; Aline Vaz Silva1; Vanda Pratas Vital1; Rui Alves1

1 - Cirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- Poster, IX congresso Iberoamericano de Cirurgia Pediátrica

Introdução: O trauma é a principal causa de morbilidade e mortalidade nas crianças. O trauma abdominal fechado pode lesar qualquer órgão abdominal, contudo a perfuração de víscera oca é rara e a perfuração jejunal isolada tem uma incidência de 1%. As principais causas são acidentes de viação, embates contra guiador da bicicleta e quedas. O diagnóstico de perfuração intestinal isolada é um desafio, quer pelo contexto do trauma, quer pelo facto de os sintomas serem vagos e de instalação gradual; os exames complementares de diagnóstico podem inicialmente não demonstrar alterações. O tratamento destas situações é cirúrgico, mas a abordagem está dependente do tempo de evolução e da localização da perfuração.
Objectivo: Revisão de três casos de perfuração intestinal isolada, com diferentes mecanismos de trauma e diferentes abordagens.
Casos clínicos: Uma doente do sexo feminino de 9 anos e três doentes do sexo masculino de 3, 4 e 7 anos, foram recebidos no nosso hospital, por embate em guiador de bicicleta no primeiro e terceiro doentes, por acidente de viação, e no último por agressão com murro de colega. Estas diferentes causas de trauma resultaram em perfuração jejunal isolada. Os quatro doentes apresentavam à entrada estabilidade hemodinâmica e queixas álgicas abdominais difusas, sem sinais de irritação peritoneal. Em apenas um dos doentes a radiografia abdominal em pé à entrada revelou pneumoperitoneu. Nos restantes casos, a manutenção da vigilância em internamento permitiu constatar agravamento clínico, com defesa à palpação abdominal, com necessidade de outros exames complementares, como a ecografia e a tomografia computorizada, que revelaram ascite não pura, colecções, espessamento de ansas intestinais, ar extraluminal e mesenterite. Submetidos a cirurgia exploradora, por laparotomia, nos dois primeiros doentes realizou-se ressecção segmentar e anastomose primária e no terceiro realizou-se enterorrafia. No último doente, abordado por laparoscopia, exteriorizou-se a ansa jejunal perfurada pela porta umbilical e realizou-se ressecção segmentar e anastomose primária.
Conclusões: O índice de suspeição de perfuração intestinal deve ser elevado no trauma abdominal fechado, para que o diagnóstico seja precoce e morbilidade associada seja reduzida. Manter vigilância clínica destes doentes é importante, uma vez que os sinais e sintomas e as alterações dos exames complementares podem não estar presentes na primeira observação. O tratamento cirúrgico das perfurações intestinais pode passar pela enterorrafia, pela ressecção intestinal com anastomose ou criação de estomas, consoante o tipo de lesão, a presença de outras lesões concomitantes, a estabilidade do doente e a contaminação da cavidade abdominal. A abordagem laparoscópica precoce pode permitir o diagnóstico e tratamento de perfurações intestinais e outras lesões concomitantes em doentes hemodinamicamente estáveis.

Palavras Chave: trauma abdominal fechado, perfuração intestinal, laparoscopia