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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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MIOSITE EM IDADE PEDIÁTRICA – UM CASO ATÍPICO

Caroline Lopes1; Rita Valsassina1; Ana Pereira Lemos1; Rafael Roque4; Pedro Alves2; Inês Madureira3

1 - Unidade de Infeciologia, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
2 - Serviço de Imagiologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
3 - Unidade de Reumatologia, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
4 - Laboratório de Neuropatologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

- 22º Congresso Nacional de Pediatria
- Poster

Introdução: A miosite é uma inflamação muscular de causa infeciosa, autoimune, genética, iatrogénica. A etiologia pós-vacinal (PV), apesar de rara, está descrita, tendo sido já reportados casos de miosite PV anti-SARS-CoV-2 no adulto.
Relato de caso: 14 anos, antecedentes de síndrome (s.) de PFAPA, mantendo aftose oral recorrente, inicia febre intermitente, perda ponderal, adenopatias cervicais e mialgias generalizadas e incapacitantes, 16 dias após 1º dose da vacina anti-SARS-CoV-2. Anemia hipoproliferativa, elevação parâmetros inflamatórios, sem elevação marcadores de lesão muscular. Força muscular normal (N). Eletromiograma N. RM corpo: múltiplos focos edema muscular, predomínio membros inferiores distalmente, de natureza vasculopática/inflamatória. Angio-TC toraco-abdomino-pélvica N. Biópsia muscular com um foco inflamatório no endomísio. Estudo etiológico: ac. SARS-CoV-2 vacinal positivo; ANCA-PR3/MPO, ANA, dsDNA, ac. antifosfolípidos, painel de miosites negativos; HLA B51 negativo. Excluídas outras causas infeciosas e neoplásicas, envolvimento cardíaco e oftalmológico. Iniciou corticoterapia que manteve com redução lenta (5 meses) e melhoria clínica. Após suspensão, aftose oral recorrente e episódio de úlcera genital, sem novos picos febris ou mialgias. Painel genético s. autoinflamatórios em curso.
Conclusões: Neste caso o diagnóstico de miosite inflamatória PV é provável, pela relação temporal sintomas-vacinação e pelo padrão imagiológico, sobreponível a outros casos descritos. Contudo, atendendo aos antecedentes de febre recorrente e úlceras orais/genitais, outras etiologias devem ser consideradas, como doença de Behçet e s. autoinflamatórios, demonstrando o desafio diagnóstico e a importância da abordagem multidisciplinar e seguimento destes doentes.

Palavras Chave: miosite, vacina anti-SARS-CoV-2, Behçet, síndromes autoinflamatórios