1 - Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Lisboa Central;
2 - Pedopsiquiatria, Centro Hospitalar Lisboa Central;
3 - Centro de Informação Anti-Venenos (CIAV)
- Poster com apresentação em sala no 22º Congresso Nacional de Pediatria
Introdução: Na adolescência, as ingestões medicamentosas voluntárias (IMV) constituem uma causa frequente de admissão na urgência e desde o início da pandemia por COVID-19 tem sido referido um aumento do número de casos.
Objetivo: O estudo teve como objetivo determinar a prevalência de IMV na área abrangida por um Serviço de Urgência Pediátrica Polivalente com Urgência de Pedopsiquiatria, entre 2018-2021, caracterizar os fármacos utilizados e o acesso aos mesmos.
Métodos: Estudo retrospetivo, que incluiu doentes dos 10 até aos 17 anos e 364 dias, residentes na área abrangida, com admissão na urgência por IMV há menos de 7 dias. Através de pesquisa de palavras-chave “IMV” e “ingestão medicamentosa voluntária” nos processos, foram encontrados 1807 episódios. Foram incluídos 1116 e excluídos 691, sobretudo episódios sem IMV ativa. Foi realizada análise estatística no SPSS, com significância para p< 0,05.
Resultados: Dos 1116 episódios de IMV, 87,5% eram do sexo feminino, com idade mediana de 15 anos, sendo mais frequente na adolescência média (15-17 anos + 364 dias, p< 0,05) e com seguimento prévio em pedopsiquiatria (p< 0,05). Os fármacos mais utilizados foram os psicofármacos da medicação habitual (p< 0,05). O destino mais frequente foi alta para consulta (p< 0,05). Houve um maior número de IMV em 2021 (p< 0,05), com uma prevalência de 124,5/100.000. Foram mais frequentes primeiros episódios e episódios sem ideação suicida (p< 0,05).
Conclusão: As IMV são causa crescente e preocupante de vinda ao SU nos jovens, verificando-se um aumento de prevalência em 2021. Realça-se a necessidade de investimento nesta temática, para promoção de iniciativas de apoio, prevenção e seguimento destes jovens, para reverter esta realidade.