1 - Serviço de Medicina 1.4, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
2 - Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
3 - Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
- Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Introdução: As infeções nosocomiais constituem um problema de saúde pública e trazem custos excessivos evitáveis associados aos internamentos hospitalares. Durante a pandemia da COVID-19, houve uma mudança nas políticas com foco em programas de prevenção e controlo de infeção.
Métodos: Postulamos que tal mudança pode ter um efeito indireto na ocorrência de Infeções nosocomiais. Realizámos um estudo retrospetivo com o objetivo de comparar as diferenças na prevalência de infeção hospitalar entre um período COVID-19 e um período não COVID-19, numa enfermaria de Medicina Interna de um hospital central de Lisboa, sem doentes com COVID-19. Foram incluídos 393 pacientes, sendo 192 do período não COVID-19 e 201 do período COVID-19.
Resultados: Encontramos uma redução estatisticamente significativa na ocorrência de infeções nosocomiais no período COVID-19 de 16,1% (n = 31) para 5,5% (n = 11) (p = 0,001; OR 0,301; IC 95%: 0,146-0,617). Também encontramos uma redução estatisticamente significativa no uso de antibióticos (n = 31; 16,1% vs n = 11; 5,5%; p = 0,001) e na ocorrência de infeção por organismos multirresistentes (n = 9; 29,0% vs n = 1; 9,1%; p = 0,009) no período COVID-19.
Conclusão: Estes resultados confirmam que, após a implementação de protocolos sistemáticos de controlo de infeção, houve uma redução nas infeções nosocomiais. Sugerimos uma investigação mais aprofundada para validar os dados obtidos e uma análise custo-benefício para esclarecer se a implementação universal das medidas de prevenção e controlo de infeção constituirão uma mais-valia para o tratamento dos doentes.
Palavras Chave: Controlo de Infeções; COVID-19; Infeção Hospitalar/prevenção e controlo