imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

INFEÇÃO POR RICKETTSIA RAOULTII - UMA NOVA ESPÉCIE ASSOCIADA A DOENÇA EM PORTUGAL

Margarida Almendra1, Tiago Milheiro Silva1, Rita de Sousa2, Catarina Gouveia1

1 - Unidade de Infeciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE
2 - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas, Águas de Moura

- 22º Congresso Nacional de Pediatria 2022

Introdução: As rickettsias são bactérias gram-negativas, intracelulares obrigatórias, transmitidas ao homem através de vetores, entre eles os ixodídeos, vulgo carraças. Em Portugal o género de carraça Dermacentor, está associada a transmissão de duas espécies de rickettsias patogénicas para o homem, R. slovaca e R. raoultii. Descrevemos pela primeira vez em Portugal duas crianças com infeção por picada de Dermacentor marginatus, com deteção molecular de R.raoultii nas carraças removidas.
Descrição: Caso 1: 9 anos, sexo masculino, com múltiplas tumefações ganglionares dolorosas na região cervical e supraclavicular homolateral com 2 dias de evolução, e escara de picada de carraça com eritema circundante na região occipital. Sem febre ou exantema. Referia picada de carraça 3 dias antes (traz carraça). Analiticamente leucócitos 7,68x109/L, PCR 0,3 mg/L e serologia de Rickettsia spp. negativa em D2, não tendo sido repetida. Cumpriu antibioterapia com doxiciclina 5 dias com regressão do quadro. Caso 2: 10 anos, sexo feminino, refere picada de carraça no couro cabeludo. Sem sintomas associados. Após remoção de carraça, apresentava escara com eritema circundante. Sem terapêutica efetuada. Como esperado o aparecimento de anticorpos só ocorre entre 8-10 dia de evolução da doença e não permite a identificação da espécie de Rickettsia. Pelo que nestes casos teria sido importante a confirmação por deteção e caracterização molecular na escara de inoculação.
Conclusão: A infeção por R. raoultii pode ser assintomática ou estar associado a doença ligeira com linfadenopatia e escara. Raramente causa doença grave. Nestes casos a deteção de R. raoultii nas carraças removidos do couro cabeludo das crianças permitiu  auxiliar o diagnóstico.

Palavras-chave: carraça, linfadenopatia, Rickettsia raoultii, SENLAT