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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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IMPACTO DA SEQUENCIAÇÃO DE EXOMA FETAL: ANÁLISE RETROSPETIVA DE UM CENTRO TERCIÁRIO DE REFERÊNCIA EM LISBOA, PORTUGAL

Mafalda Melo1*, Susana Lemos Ferreira1*, Margarida Venâncio1, Rui Gonçalves1, Sofia Nunes1, João Parente Freixo2, Alexandra Queiroz3, Ana Carocha3, Ana Bernardo3, Ana Teresa Martins3, Bruno Carrilho3, Cláudia Rijo3, Leonor Ferreira3, Luísa Martins3, Natacha Oliveira3, Paula Caetano3, Jader Cruz3, Álvaro Cohen3, Inês Carvalho3

*Ambos os autores contribuíram para este trabalho de forma igual
1 - Serviço de Genética Médica, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
2 - CGPP – Centro de Genética Preditiva e Preventiva, IBMC – Instituto de Biologia Molecular e Celular, i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Universidade do Porto, Portugal
3 - Centro de Responsabilidade Integrada de Medicina e Cirurgia Fetal, Maternidade Alfredo da Costa, Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal

- Reunião nacional - Reunião Anual da Associação Portuguesa de Diagnóstico Pré-Natal (APDPN), sob a forma de comunicação oral

Introdução: O diagnóstico e prognóstico das doenças genéticas com apresentação pré-natal são desafiadoras dada limitada informação fenotípica, amplo diagnóstico diferencial e limitado tempo para estudo. A utilização da sequenciação do exoma fetal (WES) tem o potencial de aumentar a capacidade diagnóstica e contribuir para uma abordagem mais precisa.
Metodologia: Estudo retrospetivo dos casos onde foi aplicado WES fetal, entre 2017 e 2022, no Centro de Responsabilidade Integrada de Medicina e Cirurgia Fetal do CHULC.
Resultados: Foram incluídos 46 casos, sendo 36 (78%) destes produtos de conceção, e os restantes 14 (22%) de gravidezes em curso. A indicação mais frequente foi a de anomalias congénitas múltiplas (18/46, 39%), seguida de alteração neurológica (14/46, 30%), anomalia esquelética (5/46, 11%), patologia multissistémica (5/46, 11%), e hidrópsia (2/46, 4%). Em todos os casos, exceto um, realizou-se microarray antes do WES. Relativamente à estratégia de análise do WES, em 8 (17%) casos foi realizada em trio, e nos restantes 38 (83%) em single. Destes 38, em 26 (68%) fez-se diretamente mendelioma, e nos restantes 12 (32%) primeiramente painel multigene seguido de mendelioma. A taxa diagnóstica foi de 39% (18/46), tendo sido superior quando a análise foi realizada em trio. Por outro lado, foram encontrados achados incidentais em 41% (19/46) dos casos. Todos os casos que obtiveram diagnóstico definitivo receberam aconselhamento sobre risco de recorrência e opções reprodutivas. Adicionalmente, 28% (5/18) dos casos tiveram alterações da abordagem clínica com base nos resultados, incluindo tomada de decisões no período pré-natal, planeamento do parto e cuidados neonatais.
Conclusões: A aplicação do WES em fetos com anomalias congénitas/multissistémicas mostra um aumento da taxa diagnóstica comparativamente ao microarray. O conhecimento sobre o diagnóstico e prognóstico permite aos progenitores tomarem decisões informadas. Todavia, associam-se limitações, como o tempo de resposta, interpretação dos resultados, e potenciais achados incidentais. Assim, a abordagem multidisciplinar torna-se indispensável.

Palavras Chave: Sequenciação do exoma fetal (WES)