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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DADORES DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM IDADE PEDIÁTRICA – ESTUDO RETROSPETIVO DE 10 ANOS EM PORTUGAL

Joana Pais de Faria1, Marta Oliveira 1, Fernando Rodrigues2, Maria João Xavier2, Paula Pico2

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central
2 - GCCT (Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação) do Hospital de São José, Centro Hospital e Universitário Lisboa Central

- XXVI Congresso Português de Transplantação e XX Congresso Luso-Brasileiro de Transplantação

Introdução:  A doação de órgãos e tecidos permite transformar vidas. Um dador pode garantir a sobrevivência de até oito pessoas (através dos seus órgãos) e melhorar a qualidade de mais algumas dezenas, pela doação de tecidos. Portugal apresenta uma excelente taxa de transplantação. Contudo, ainda acontecem óbitos em lista de espera por um órgão.
Objetivo: Analisar a casuística dos dadores de órgãos e tecidos em idade pediátrica, em Portugal, nos últimos 10 anos.
Metodologia: Estudo retrospetivo descritivo dos dadores de órgão e tecidos, com idade pediátrica (0-17 anos), entre janeiro de 2011 e dezembro 2021. Foram estudados dados demográficos e clínicos, disponibilizados pela Coordenação Nacional da Transplantação.
Resultados: 121 dadores pediátricos, com mediana de idades de 10 anos (mínimo 10 dias, máximo 17 anos), 56% do sexo masculino. A causa de morte mais frequente foi o traumatismo cranioencefálico, em 46,7% dos casos, incluindo acidente viação (n=33), queda (n=5), tiro/agressão (n=3); seguindo-se a anóxia cerebral em 24,2% (n=29) e Acidente Vascular Cerebral (n=16). Em 87,6% dos casos foram efetuadas colheitas multiorgânicas (n=106). Colhidos um total de 569 órgãos e tecidos, sendo os órgãos mais frequentes: rim (n=212), fígado (n=98), coração (n=41), pulmão (n=40) e pâncreas (n=30). Quanto à variação anual, em 2011 verificou-se o maior número de dadores (n=19), traduzindo o maior número de órgãos colhidos (n=66); inversamente em 2018 verificou-se o menor número de dadores (n=2) e de órgãos colhidos (n=10), variando a restante distribuição anual entre 7 a 15 dadores/ano.
Conclusão: Em pediatria são poucos os dadores – devido às suas características particulares, torna-se mais difícil responder às crianças em lista de espera para transplante. Por este facto, é importante que as especialidades pediátricas estejam mais familiarizadas com o processo de doação, permitindo a identificação de potenciais dadores, otimizando-os, minimizando o número de órgãos potencialmente perdidos.

Palavras Chave: pediatria, morte cerebral, doação de órgãos e tecidos, transplante