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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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CARACTERIZAÇÃO DE UMA AMOSTRA DE CRIANÇAS REFERENCIADAS À CONSULTA DE IMUNOALERGOLOGIA POR SUSPEITA DE ALERGIA ALIMENTAR

Inês Nunes1, Gonçalo Martins dos Santos2, Inês Sangalho2, Pedro Simão Coelho2, Tânia Gonçalves2, Sara Prates2, Paula Leiria Pinto2

1 - Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra
2 - Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- 43ª reunião anual da SPAIC

INTRODUÇÃO. A suspeita de alergia alimentar (AA) na criança é um motivo frequente de referenciação à consulta de Imunoalergologia nos primeiros anos de vida. Pretendeu-se caracterizar as referenciações por suspeita de AA de crianças com idade <4 anos.
MÉTODOS. Estudo retrospetivo dos registos das primeiras consultas de Imunoalergologia Pediátrica num hospital terciário, das crianças com idade <4 anos, referenciadas por suspeita de AA, entre janeiro de 2018 e junho de 2019. Foram analisados dados demográficos, origem da referenciação, alimento suspeito, características da reação e orientação clínica.
RESULTADOS. No período analisado foram realizadas 884 consultas a crianças com idade <4 anos, das quais 240 (27,1%) por suspeita de AA (idade mediana (P25-P75) 16 (11-29) meses, 56,7% sexo masculino) com 316 alimentos suspeitos. A maioria das referenciações teve origem hospitalar (n=140; 58,3%), seguida dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) (n=86; 35,8%). A idade mediana (P25-P75) do início dos sintomas foi 6 (3-11) meses e o tempo mediano (P25-P75) até avaliação em consulta foi 7 (2-15) meses. A maioria dos casos envolveu apenas um alimento suspeito (n=179; 74,6%), sendo os mais frequentes leite de vaca (n=122; 38,6%), ovo (n=64; 20,3%) e frutos frescos (n=32; 10,1%). A reação manifestou-se como anafilaxia em 9,8% das crianças (n=31). O diagnóstico foi confirmado em 57,1% (n=137), a maioria ao leite de vaca (n=83; 54,6%) e ao ovo (n=42; 29,6%), com maior frequência relativa nos doentes referenciados a partir do hospital (n=89; 63,6%), comparativamente aos dos CSP (n=41; 47,7%) (p=0,019).
CONCLUSÕES. De acordo com os nossos dados, a demora na observação em consulta parece excessiva. A suspeita de AA confirmou-se em apenas cerca de metade dos doentes avaliados, mas a anafilaxia foi comum. Estes dados alertam-nos para a necessidade de aumentar o conhecimento sobre a AA e de uma referenciação mais precoce destas crianças para consulta de Imunoalergologia.

Palavras Chave: alergia, alimento