1 - Unidade de Pneumologia pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
- VII Jornadas de Pediatria do Hospital de Vila Franca de Xira. Publicação sob a forma de poster
Introdução: A dor cervical é uma queixa frequente em crianças e adolescentes. O diagnóstico diferencial inclui causas traumáticas, infecciosas/inflamatórias, musculoesqueléticas entre outras. O pneumomediastino espontâneo sem pneumotórax é uma causa rara de dor cervical e torácica. O tratamento é conservador, em casos não complicados. A recuperação espontânea, sem sequelas ou recorrência.
Descrição do caso: Jovem de 17 anos, sexo masculino, com antecedentes de enxaqueca e hemofilia B ligeira, recorre ao serviço de urgência por dor cervical à direita com horas de evolução, que agravava com o movimento, associada a odinofagia e sensação de opressão retrosternal, epigástrica, dorso-lombar. Referia extração dentária quatro semanas antes do início dos sintomas. Negava febre, infeção respiratória recente, esforço físico intenso, episódios de engasgamento ou ingestão de corpo estranho, vómito, tabagismo. No exame objectivo apresentava-se hemodinamicamente estável, eupneico, apirético a referir tumefação na região laterocervical direita, dolorosa á palpação profunda e á lateroflexão do pescoço, sem sinais inflamatórios ou sinais de trauma, auscultação cardiopulmonar sem alterações. Na radiografia de tórax visível fina lamina hipotransparente nos planos musculares da região supraclavicular direita, sem alterações pleuroparênquimatosas. Na TC-tórax confirmado pneumomediastino de ao longo do espaço retrofaríngeo, desde a orofaringe, no pescoço, até à transição toraco-abdominal, envolvendo traqueia, esófago e aorta torácica, com infiltração nos espaços musculares e subcutâneo na região supraclavicular direita, sem pneumotórax, com parênquima pulmonar permeável, sem bolhas apicais. Analiticamente sem alterações. Teve alta apos período de vigilância em internamento de 48 horas. Seguido em consulta de pneumologia confirmada absorção de ar ectópico apos dois meses, provas de função respiratória sem alterações, sem recorrência.
Conclusão: O doente evoluiu sem complicações. Estão descritos na literatura casos de pneumomediatrino espontâneo sem pneumotórax como complicação de procedimentos dentários, não sendo neste caso possível estabelecer um nexo de causalidade entre estes dois eventos.
Palavras Chave: Cervicalgia, Toracalgia, Adolescente, Pneumomediastino espontâneo.