1 - Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia Lisboa Francisco Gentil
2 - Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE
3 - Serviço de Pediatria Médica, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE
4 - Serviço de Neurocirurgia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE
5 - Unidade de Infeciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE
6 - Serviço de Pediatria, Hospital do Espírito Santo de Évora, EPE
7 - Unidade de Neurologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE
- 22º Congresso Nacional de Pediatria 2022
Introdução: A aspergilose do sistema nervoso central (SNC) é uma complicação rara e potencialmente fatal em doentes imunodeprimidos.
Descrição do caso: Adolescente 15 anos, masculino, com tosse seca, febre e cansaço há 2 semanas. Analiticamente, bicitopenia (Hb 3.5g/dL, plaquetas 20000/uL) e leucocitose com 91% de blastos. Diagnosticada leucemia linfoblástica aguda de células precursoras B (LLA-B) risco standard, sem infiltração do SNC. Iniciou tratamento (indução B protocolo ALLTogether) com quimioterapia (QT) sistémica e intratecal. Em D13 QT, sépsis a Pseudomonas aeruginosa com neutropenia grave, cumpriu 16 dias de antibioterapia dirigida com boa evolução. Em D29, punção lombar programada revelou pleocitose (338 células, 97% polimorfonucleares), sem blastos. Por sépsis recente, iniciou ceftazidima e vancomicina. Em D30, inicia meningismo; por persistência, adicionado anfotericina B liposssómica (ABL) em D35, sem melhoria. Em D40, por febre intermitente, dor lombar, paraparésia assimétrica em desfavor do membro inferior direito e alteração do estado de consciência, escalada terapêutica para meropenem, vancomicina e ABL e interrupção de QT. Exames cultural, micológico, painel viral, PCR DNA bacteriano e fúngico no LCR negativos. RM revelou abcessos cerebrais (temporal e frontal direitos) e medular (D9-D10), ambos com efeito de massa. Drenagem de abcesso frontal identificou Aspergillus spp por PCR. Adicionado voriconazol à terapêutica, com indicação de longa duração, dependente da evolução clínica e imagiológica.
Conclusão: Abcessos fúngicos do SNC apresentam-se de forma indolente com investigação etiológica no LCR frequentemente negativa, requerendo alto grau de suspeita clínica. Implicam um tratamento precoce, agressivo e prolongado.
Palavras-chave: abcesso sistema nervoso central, Aspergillus, imunossupressão, leucemia linfoblástica aguda, LLA-B