1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
2 - Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
3 - CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical School
- 42ª Reunião Anual da SPAIC, reunião nacional, apresentação sob a forma de poster
Resumo:
Introdução: O omalizumab está aprovado como terapêutica de 3ª linha em doentes com > 12 anos com urticária crónica espontânea (UCE) refratária a terapêutica com antihistamínicos anti-H1(anti-H1) em dose quádrupla. O seu uso na UCE abaixo dos 12 anos tem se revelado seguro em casos clínicos descritos na literatura.
Relato de caso: Menino de 8 anos, referenciado à Imunoalergologia pela Reumatologia Pediátrica, por quadro com 2 meses de evolução de lesões cutâneas maculopapulares eritematosas, pruriginosas, migratórias, algumas com duração >24h, que recorriam com a tentativa de redução da dose de betametasona (<0,02 mg/kg/dia). As queixas associaram-se transitoriamente a conjuntivite e artralgias das articulações do ombro, punho, joelhos e tibiotársicas. A referir, da investigação laboratorial: hemograma, bioquímica, proteína C reactiva, velocidade de sedimentação, função tiroideia, anticorpos antinucleares, complemento, e serologias víricas sem alterações. IgE total:151 UI/mL. Em consulta de Imunoalergologia procedeu-se ao aumento da bilastina para dose quádrupla e foi iniciado desmame de corticoterapia, para realização de biópsia cutânea. Os achados histopatológicos foram compatíveis com urticária, excluindo-se vasculite. Por surgimento de efeitos secundários à corticoterapia sistémica aos 5 meses de doença (aumento ponderal de 11% do peso corporal total, hirsutismo e astenia), foi iniciada ciclosporina 3 mg/Kg/dia e mantida bilastina em dose quádrupla, sem resposta clínica ao fim de 4 semanas de tratamento (UAS entre 35-42 e C-DLQI de 29). Suspendeu-se ciclosporina e iniciou terapêutica off-label com omalizumab 300 mg por via subcutânea a cada 4 semanas, sem necessidade de corticoterapia após 1ª administração de omalizumab e com controlo total aos 3 meses de tratamento (UAS7 de 0 e C-DLQI de 0). Atualmente, aos 9 meses de tratamento com omalizumab, mantém remissão clínica, com boa tolerância e sem quaisquer efeitos adversos.
Conclusões: O omalizumab controlou de forma eficaz e segura as manifestações clínicas de UCE numa criança com apresentação atípica e refratária à terapêutica convencional. Permitiu suspender a corticoterapia com a regressão dos efeitos adversos associados.
Palavras Chave: Omalizumab, urticaria