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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TROMBOEMBOLISMO VENOSO EM IDADE PEDIÁTRICA: UM OLHAR DE 20 ANOS NUMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS PEDIÁTRICOS

Margarida Almendra1, Catarina Gonçalves1,2, Anaxore Casimiro1, João Falcão Estrada1

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área da Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
2 - Serviço de Pediatria, Departamento da Saúde da Mulher e da Criança, Hospital do Espírito Santo de Évora, Évora

- 21º Congresso Nacional de Pediatria, reunião nacional (poster)

Resumo:
Introdução: O tromboembolismo venoso (TEV) engloba um espectro de doenças raro em idade pediátrica de incidência crescente. Habitualmente apresenta distribuição etária bimodal (<1 ano/adolescência) com um fator de risco subjacente, nomeadamente, presença de cateter venoso central (CVC), neoplasia, uso de contracetivos orais (CO) ou trombofilia hereditária.
Objetivos: Caracterização de doentes com TEV.
Metodologia: Estudo retrospetivo, descritivo de TEV numa unidade de cuidados intensivos pediátricos num hospital terciário.
Resultados: Identificaram-se 27 doentes: trombose venosa cerebral (TVC)(n=14), trombose venosa profunda (TVP)(n=13), tromboembolismo pulmonar (TEP)(n=3), trombose da veia renal (TVR)(n=1). Em 4 doentes coexistiram TEP e TVP(n=2), TVR e TVP(n=1) e TVC e TVP(n=1). 63% sexo feminino, mediana 9 anos [0,08;17A]. Todos com TVC referiram cefaleia e 43% febre. 57%(n=8) foram secundários a infeção dos seios perinasais, ouvido e/ou mastoide, maioria em idade escolar. Estudo da trombofilia positivo em 64%. Principais fatores de risco na adolescência: utilização recente de CO e estudo da trombofilia positivo(n=3), neoplasia, cirurgia recente(n=1) e traço falciforme (n=1). Todos realizaram TC-CE e RM-CE. Todos com TEP foram adolescentes com estudo de trombofilia positivo: 2 síndromes de May Thurner e 1 síndrome antifosfolipídeo primário. Outros fatores de risco identificados: uso recente de CO(n=2) e obesidade(n=2). 66% referiram queixas torácicas. Angio-TC confirmou o diagnóstico. A presença de CVC foi o principal fator de risco na TVP; 50% referiu dor e edema no local da obstrução. Ecografia com doppler foi o exame de eleição. O único doente com TVR foi uma criança de 2 anos com neoplasia renal. Analiticamente, todos apresentaram D-Dímeros elevados. Todos iniciaram anticoagulação, maioria enoxaparina, que mantiveram 3 a 6 meses pós-alta. Mediana de internamento 8 dias, sem óbitos.
Discussão: A apresentação de fenómenos tromboembólicos é inespecífica e as guidelines de abordagem são escassas na Pediatria. No entanto, é fulcral a sua deteção precoce, de modo a prevenir complicações.

Palavras Chave: catéter venoso central, D Dímeros, tromboembolismo venoso.