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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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SÍNDROME MIRAGE E POSSIBILIDADE DE DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

Joana Adelaide Catanho1; Margarida Venâncio1; Álvaro Cohen2; Inês Carvalho1,2

1 - Serviço de Genética Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Centro de Diagnóstico Pré-Natal, Maternidade Alfredo da Costa, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa

- Reunião Cientifica da Associação Portuguesa de Diagnóstico Pré-Natal (Poster)

Resumo:
Introdução: A síndrome MIRAGE (OMIM#61753), autossómica dominante, caracteriza-se por Mielodisplasia, Infeção, Restrição do Crescimento (pré e pós-natal), Hipoplasia das suprarrenais, Genitália ambígua, Enteropatia. Outras características incluem: atraso do desenvolvimento psicomotor, dismorfismos, doença pulmonar crónica, alterações do sistema nervoso central. É causada por variante patogénica no gene SAMD9, podendo ser fatal na primeira década de vida.
Relato de caso: Primigesta de 34 anos, saudável, sem antecedentes relevantes. Casal não consanguíneo. Rastreio combinado do primeiro trimestre de baixo risco. Ecograficamente às 28 semanas e 5 dias, foi detectada restrição do crescimento fetal (RCF) e genitália ambígua. Realizou amniocentese para microarray (XY) e painel NGS para Anomalia do Desenvolvimento Sexual, sem alterações. Às 32 semanas e 3 dias, cesariana urgente por hipóxia fetal e persistência da RCF. Recém-nascido masculino, 960 g (< P3) e índice de Apgar 8/9. No pós-natal, foi observado micropénis e hipospádia proximal. Analiticamente: trombocitopénia, hipoaldosteronismo primário e hipoglicémia. Foi detectada alteração da motilidade esofágica e atraso da motricidade grosseira. Realizado Exoma Clínico (EC) que revelou uma variante de significado incerto no gene SAMD2, em heterozigotia. Após estudo de segregação, a variante foi classificada como de novo. Dada a relação genótipo-fenótipo, foi estabelecido o diagnóstico de Síndrome MIRAGE.
Discussão/Conclusão: A síndrome MIRAGE foi recentemente descrita, tendo sido reportados cerca de 40 casos e, do nosso conhecimento, nenhum diagnosticado em pré-natal. Ecograficamente está associada a RCF, podendo ser detectada ambiguidade sexual. Perante um fenótipo específico, mas que pode ter heterogeneidade génica, o recurso a Painel NGS para diagnóstico molecular poderá ser a melhor abordagem clínica. Nesse sentido foi recentemente desenvolvido pelo Centro de DPN da MAC com apoio do laboratório IBMC-CGPP um Painel NGS para RCF, em atualização permanente, que permitirá aumentar a taxa de diagnóstico em tempo útil destes casos possibilitando aconselhamento genético mais preciso.

Palavras Chave: Diagnóstico Pré-Natal, Microarray, Painel NGS, Restrição Crescimento Fetal, Síndrome Polimalformativa