Interna de Formação Específica em Pedopsiquiatria, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- Reunião realizada na Unidade Partilhada, Serviço de Psiquiatria de Adultos, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.
Resumo:
Introdução: Em Dezembro de 2019, o primeiro caso de pneumonia mais tarde conhecido como pneumonia do novo coronavírus, foi reportado em Wuhan (China). A OMS decretou então a doença como COVID-19 e o Comité Internacional de Taxonomia de Vírus denominou o Vírus de Síndrome Respiratório Agudo Severo por Coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Foram surgindo descrições de sequelas neuropsiquiátricas persistentes. O neurotropismo é uma característica comuns a este tipo de vírus, tendo sido demonstrada a sua presença no SNC e no LCR.
Métodos e objetivos: Revisão não sistemática da literatura com as palavras-chave “neuropsychiatric”, “psychosis”, “COVID-19” e "Long-COVID", com o objetivo de compreender quais as possíveis manifestações neuropsiquiátricas da infeção por SARS-CoV-2, sua etiologia e qual o impacto da infeção na perspetiva da saúde mental pública, assim como a longo prazo.
Resultados: Na base dos sintomas neuropsiquiátricos desta infeção estão múltiplos fatores biológicos e ambientais. Neuroinflamação, coagulopatia e invasão viral direta do sistema nervoso, são alguns dos mecanismos mais estudados. Insónia, alterações mnésicas, dificuldades de concentração, entre outras manifestações neurológicas têm vindo a ser documentadas (22.5-36,4%). Quanto à sintomatologia psiquiátrica, estudos relatam maior risco de problemas de ansiedade, do humor, psicose, abuso de substâncias, etc. É inegável o impacto deletério desta pandemia na população em geral e em específico em doentes psiquiátricos. A Long COVID surge como uma entidade mais recente - 87% dos recuperados mantém pelo menos 1 sintoma após 2 meses.
Conclusão: Pandemias anteriores sugerem que a infeção viral respiratória é fator de risco para doenças esquizofrenia-like. É fundamental ter em consideração os fatores iatrogénicos, médicos e psicossociais. A gravidade da infeção parece correlacionar-se com o risco de sintomatologia neuropsiquiátrica e talvez com o risco de desenvolver sintomas a longo prazo.
Palavras Chave: “COVID-19”, "Long-COVID", "neuropsychiatric”, “psychosis”