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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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RICKETSIOSES GRAVES NUM HOSPITAL PEDIÁTRICO TERCIÁRIO

José Maria Lupi1; Tiago Milheiro Silva1; Rita de Sousa2; Vitória Matos3 Ana Margarida Garcia1; Catarina Gouveia1; Maria João Brito1

1 - Unidade de Infecciologia Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Doutor Francisco Cambournac, Aguas de Moura
3 - Laboratório de Imunologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- 21º Congresso Nacional de Pediatria, 27 a 29 de outubro de 2021

Resumo:
Introdução: As complicações das ricketsioses são raras na infância, mas podem ser potencialmente graves, pelo que o diagnóstico atempado é essencial.
Objetivos: Caracterizar os casos de rickettsiose grave num Hospital Pediátrico Terciário.
Metodologia: Estudo descritivo de 2010 a 2020 (11 anos) de doentes com complicações de rickettsioses com diagnóstico confirmado com anticorpos por imunofluorescência e/ou PCR. Foram analisados dados demográficos, epidemiológicos e clínicos.
Resultados: Foram identificados 13 doentes, com uma mediana de idades de 11 anos com predomínio (77%) dos casos nos meses de verão. Identificou-se contacto com animais em nove doentes, escara de inoculação em cinco e observação de carraça em dois. A clínica cursou com febre em todos os doentes (9/13 > 39ºC), exantema (11) com afeção palmoplantar (9), adenopatias (7), hepatoesplenomegália (5), cefaleias (7), mialgias (6) e artralgias (4). Observou-se uma média de duas complicações/doente (máx 7): hepatite (7), coagulopatia (6), alterações hidroeletrolíticas (5), hipoalbuminémia (5), choque séptico (2), insuficiência renal (2), poliserosite (1), síndrome hemofagocítico (1), falência multiorgânica (1), celulite pré-septal (1), orquiepididimite (1) e meningite (1). Dois doentes necessitaram de cuidados intensivos mas não se registaram óbitos. A maioria dos casos ocorreu por Rickettsia conorii e registou-se um caso de Rickettsia typhi. A doxicilina foi usada na maioria (9/13) dos doentes com bons resultados.
Conclusão: A ausência da escara de inoculação pode dificultar o diagnóstico, atrasar a terapêutica e contribuir para uma morbilidade mais significativa. Assim, a suspeita clínica é fundamental perante achados clínicos polimorfos que possam sugerir esta entidade.

Palavras Chave: Casuística, Ricketsioses