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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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REABILITAÇÃO DO DOENTE COM MIS-C – EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Ana Almeida Pereira1, André Teixeira2, Susana Teixeira3, Rita Cardoso Francisco4

1,2 - Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3,4 - Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Reunião nacional da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação – MFR em tempo de pandemia, Outubro 2021

Objetivos:  A Síndrome Inflamatória Multissistémica em Crianças associada à COVID-19 (MIS-C) está descrita em crianças e adolescentes, associada à infeção a SARS-CoV-2. O internamento no contexto de doença grave potencia o descondicionamento cardiorrespiratório. Visando a prevenção das complicações do internamento por MIS-C foi criado um protocolo de atuação envolvendo a MFR, Unidade de Infecciologia Pediátrica e Cardiologia Pediátrica. Este estudo tem como objetivo analisar a aplicação do protocolo na Unidade e após a alta e a descrição do estado funcional, neuromotor e condicionamento cardiorrespiratório dos doentes diagnosticados com MIS-C.
Materiais e métodos: Realizou-se um estudo transversal retrospetivo, envolvendo todos os doentes internados na Unidade de Infecciologia Pediátrica com o diagnóstico de MIS-C até julho de 2021. Foram colhidos dados demográficos e clínicos, através da consulta do processo clínico e avaliação em consulta externa de MFR.
Resultados: Durante este período foram internados 49 doentes com o diagnóstico de MIS-C, 71% dos quais do sexo masculino, com idade média de 7.7 anos. O tempo médio de internamento hospitalar fixou-se em 10.5 dias. Em 84% dos casos observou-se disfunção cardíaca. Após a implementação do protocolo foram tratados em regime de internamento 24% dos doentes internados. 20 doentes (41%) foram avaliados posteriormente em consulta externa presencial de MFR, sendo que 60% dos doentes mantinham queixas de descondicionamento cardiorrespiratório e 15% dos indivíduos referiam perda de autonomia, nomeadamente alterações na marcha. Os restantes doentes foram avaliados em consulta telefónica. Após a avaliação em consulta de MFR, 30% dos doentes foram encaminhados para a realização de tratamentos de Reabilitação em ambulatório.
Conclusões: O programa de Reabilitação aplicado aos doentes com MIS-C tem como objetivo o recondicionamento ao esforço, otimização da função pulmonar e maximização da independência funcional. Este programa deve ter em conta a disfunção cardíaca, presente em grande parte dos doentes, que contraindica a realização de recondicionamento ao esforço máximo ou supramáximo e retorno à atividade física estruturada nos 6 meses seguintes ao diagnóstico da doença.

Palavras Chave: COVID-19; MIS-C;  reabilitação;