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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PUBERDADE PRECOCE CENTRAL – 12 ANOS DE EXPERIÊNCIA NUM HOSPITAL DE NÍVEL III

Andreia Ribeiro, Ana Araújo Carvalho, Ana Fernandes, David Veríssimo, Catarina Diamantino, Ana Laura Fitas, Júlia Galhardo, Rosa Pina, Catarina Limbert, Lurdes Lopes

1 - Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central

- Reunião Nacional
- Publicação em versão integral

Resumo:
Introdução: A puberdade precoce define-se pelo aparecimento de caracteres sexuais secundários e progressão da puberdade antes dos 8 anos na rapariga e 9 anos no rapaz. É classificada em puberdade precoce central (PPC) ou periférica, de acordo com a origem. A PPC é a mais frequente e deve-se à ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Na maioria dos casos é idiopática, no entanto em alguns casos pode ser identificada uma causa, nomeadamente lesões do SNC, disruptores endócrinos ou causas genéticas. O tratamento da PPC baseia-se em análogos GnRH, com o intuito de atrasar a progressão da puberdade e atingir a estatura alvo familiar (EAF).
Objetivo e Métodos: Caracterizar os casos de PPC seguidos na Unidade de Endocrinologia Pediátrica do HDE de Janeiro de 2008 a Março de 2021. Estudo retrospetivo e observacional, com dados obtidos da base nacional de PPC (Meliora®). Análise estatística no SPSS®.
Resultados: 54 casos, 100% do sexo feminino, média de idade de início de sintomas de 6,1 anos e de primeira consulta de 7,2 anos. O principal sintoma de referenciação foi telarca (92,6%). Na primeira avaliação: estatura média de 0,98 SD e idade óssea de 9 anos. A PPC foi idiopática em 87%. Grupo com tratamento (n=35): início de tratamento em média 1,2 anos após início de sintomas; média de idade de 7,2 anos e de estatura de 0,54 SD; menarca em 31,4%, em média 9,5 meses após suspensão da terapêutica e com média de idade de 11,6 anos. Em 19 casos que concluíram o tratamento, com uma duração média de 3 anos, observámos um aumento significativo da previsão estatural em 0,7 SD (p=0,037). Grupo sem tratamento (n=19): média de idade de início dos sintomas mais tardia (6,3 anos) e de estatura na primeira consulta mais elevada (1,5 SD); menarca em 63%, com média de idade de 9,9 anos.
Conclusões: Existe um atraso no diagnóstico de PPC, pelo que é importante vigiar o aparecimento de sinais pubertários nas consultas de Saúde Infantil. O reconhecimento de PPC poderá identificar causas secundárias e permitir o início de terapêutica mais precoce, com repercussão na idade da menarca e na estatura prevista.