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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA. A IMPORTÂNCIA DAS INTERVENÇÕES NA COMUNIDADE

Nádia Barradas1; Cristina Marques2

1 - Interna de Formação Específica em Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Psiquiatra da Infância e da Adolescência, Assistente Hospitalar Graduada Sénior, Chefe de Equipa da Clínica do Parque, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Reunião nacional sob o formato de comunicação oral – XV Edição Semana do Bebé CHUCB – Rede Afetiva: Criança-Família-Comunidade

Resumo:
Introdução: As crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis a fatores de risco em saúde mental e a existência de psicopatologia nesta fase é frequentemente percursora de doença na idade adulta.
Objetivos: Esta revisão científica teve como objetivo identificar e caraterizar a associação entre fatores de risco e proteção em saúde mental na infância e adolescência.
Metodologia: Foi realizada através da análise cuidada da evidência científica disponível nas plataformas eletrónicas MEDLINE, Embase e Cochrane Library.
Resultados: As crianças são particularmente vulneráveis a mudanças e transições, bem como à ausência de sensação de pertença e segurança. Também a adolescência é intrinsecamente um período desafiante, com maior reatividade emocional e procura de integração no grupo de pares. Vários eventos podem associar-se a aumento do risco de doença mental. Eventos adversos graves ocorridos precocemente podem afetar drasticamente a saúde física e mental, com diminuição da esperança de vida. Estas experiências adversas da infância incluem história de abuso físico, sexual ou verbal, negligência, ambiente familiar com história de abuso de substancias, doença psiquiátrica, violência domestica e comportamento criminoso. Muitas crianças apresentam fatores de risco múltiplos e escassos fatores protetores. O estudo das experiências adversas da infância revela que os adultos com quatro ou mais experiências adversas da infância apresentam um aumento significativo do risco de adoção de comportamentos de risco e de desenvolvimento de doença psiquiátrica. É a presença de fatores protetores que permite contrariar o aumento do risco. A resiliência, definida como a capacidade de enfrentar a adversidade e de adaptação à mudança. Pode ser considerada uma resposta adaptativa em resposta à ocorrência de adversidades e depende da qualidade do suporte social que envolve a criança.
Conclusões: As experiências adversas da infância são consideradas um dos principais determinantes de saúde e bem-estar social. A promoção de resiliência constitui um princípio básico de promoção de saúde mental. A construção de resiliência de forma precoce, tornada prioridade pelas comunidades, pode antecipar a ocorrência de eventos adversos, aumentar a capacidade de acomodação e adaptação das crianças e dos jovens, melhorando a saúde e bem-estar, com efeitos que se prolongam até à idade adulta.