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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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OBSTRUÇÃO ALTA DA VIA AÉREA – O QUE EXCLUIR?

Margarida Almendra1; Miguel Pereira1,2; Catarina Gonçalves1,3; Inês Pereira Soares4; Márcia Bonfadini1; Joana Martins1; Vera Brites1; Inês Cunha5; João Falcão Estrada1

1 - Unidade Cuidados Intensivos Pediátricos, Área de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
2 - Centro da Criança e do Adolescente, Hospital CUF Descobertas, Lisboa
3 - Serviço de Pediatria, Departamento da Saúde da Mulher e da Criança, Hospital do Espírito Santo de Évora, Évora
4 - Serviço de Pediatria, Hospital Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira
5 - Serviço de Otorrinolaringologia, Área de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa

- 21º Congresso Nacional de Pediatria, reunião nacional (poster)

Resumo:
Introdução / Descrição do Caso: Na criança com dificuldade respiratória aguda grave é essencial excluir a presença de corpo estranho, anafilaxia ou infeção grave como a epiglotite. O diagnóstico diferencial inclui ainda laringotraqueíte (croup, a maioria associada ao vírus parainfluenza 1 e 3), abcessos amigdalino/retrofaríngeo e angina de Ludwig, geralmente associado a clínica reveladora. Descrevemos dois casos clínicos de extrema gravidade com hipoxemia e perda de consciência, e um deles, com convulsão. Duas crianças do sexo masculino (7 e 11 anos) recorreram ao serviço de urgência por dispneia súbita, disfonia e tosse laríngea. À admissão hipoxémicos, com estridor, tiragem global e febre. O caso 1 apresentou ainda contractura maxilar com impossibilidade de abertura da boca e gasometria com acidose respiratória grave (pH 7.0 ,pCO2 103.3mmHg). Realizaram oxigenoterapia, ciclos de adrenalina nebulizada, corticoide e ceftriaxone com melhoria. SARS_CoV_2 detetado no caso 2. Radiografia cervical mostrou estreitamento em “bico de lápis”. Ambos admitidos em cuidados intensivos mas com boa e rápida evolução clínica. Laringotraqueoscopia realizada posteriormente no caso 1 revelou espessamento da cricoide. Atualmente, seguidos em consulta, clinicamente bem.
Comentários / Conclusões: A marcha diagnóstica na dificuldade respiratória alta deve ser adequada à clínica e à gravidade. A intervenção terapêutica, nomeadamente a permeabilidade da via aérea é fundamental, e a sua abordagem é desafiante. Importa ainda a exclusão de causas anatómicas que podem concorrer para agravar outras causas que de outra forma não se apresentariam com tal índice de gravidade. Apesar de raro, existem casos de SARS_CoV_2 associados à croup, pelo que a sua testagem deve ser considerada pela abordagem e implicações associadas.

Palavras Chave: obstrução alta da via aérea, SARS-CoV-2, sinal “bico de lápis”.