1 - Unidade de Infeciologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Unidade de Cuidados Intensivos, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
4 - Serviço de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- 17º Encontro Nacional de Atualização em Infeciologia, publicação sob forma de poster
Resumo:
Introdução: As complicações neurológicas da infeção por SARS-CoV-2 na idade pediátrica são raras, mas potencialmente graves.
Caso clínico: Criança de 8 anos internada por desequilíbrio da marcha, vómitos e febre. Apresentava leucócitos 12000/uL, neutrófilos 1050/uL, linfócitos 720/uL, PCR 6,5mg/dL. PCR SARS-CoV-2 detetada com CTs: ORF 18.74, E 18.82. Observou-se flutuação do estado de consciência com desvio conjugado do olhar, midríase pupilar, papiledema, postura de descerebração, hipertensão e taquicardia (170bpm). Foi medicada com ceftriaxone, vancomicina, aciclovir, levetiracetam e immunoglobulina 400mg/Kg/dia, 5 dias. Após estabilização realizou punção lombar que revelou leucócitos 406 cells/μL, proteínas 168mg/dL e glucose 63mg/dL e imunoelectroforese com severa lesão da barreira hematoencefálica, sem bandas oligoclonais. A PCR SARS-CoV-2, vírus herpes e enterovírus e exame cultural no líquor foram negativos. Em D9 mantinha alteração do estado de consciência alternando com agitação, afasia e tetraparesia. Repetiu punção lombar que revelou leucócitos 24/uL, proteinorráquia 27mg/dL e glicorráquia 53,5mg/dL. O EEG mostrava lentificação generalizada e a RMC-CE lesão ovalada no pedúnculo cerebeloso e reforço leptomeníngeo. A evolução foi para melhoria clínica progressiva com a terapêutica instituída, mas após 4 semanas apresentou coreia no membro superior direito de novo compatível com encefalite autoimune após a encefalite primária. Os anticorpos antiNMDAr, anti-gangliosideos, anti-MOG e anti-GABA-b foram negativos. Foi medicada de acordo com o protocolo BrianWorks com IgEV mensal e prednisolona e observou-se uma progressiva, lenta, mas sustentada recuperação clínica. Teve alta em D39 com discreta hemiparesia direita e ligeiro alargamento da marcha que reverteram totalmente após 2 semanas.
Conclusão: A infeção por SARS-CoV-2 pode causar meningoencefalite aguda na idade pediátrica, mas também pode ocorrer um processo autoimune e pos-infeccioso
Palavras Chave: Encefalite pós-infeciosa, Meningoencefalite, Pediatria, SARS-CoV-2.