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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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MASSA RETROPERITONEAL – MAIS DO QUE UM PROBLEMA

Margarida Almendra1, Catarina Gonçalves1,5, Márcia Bonfadini1, David Lito1, Paula Rocha2, Sofia Morão3, Conceição Trigo4, João Estrada

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
2 - Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
3 - Unidade de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
4 - Serviço de Cardiologia Pediátrica, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa
5 - Serviço de Pediatria, Departamento da Saúde da Mulher e da Criança, Hospital do Espírito Santo de Évora, Évora

- 21º Congresso Nacional de Pediatria, reunião nacional, poster

Resumo:
Introdução: Os tumores abdominais podem ter implicações decorrentes da sua etiologia primária mas também de complicações sistémicas decorrentes da compressão de estruturas adjacentes.
Descrição: Lactente de 4 meses transferida de São Tomé e Príncipe por massa retroperitoneal diagnosticada aos 2 meses de vida, heterogénea, 13x13x10cm, origem no rim direito e associada a desvio de outros órgãos. No dia da transferência programada para a oncologia, sofreu episódio de apneia com dessaturação (SpO2 mín.50%) e bradicardia (mín.80bpm), decorrente da provável restrição respiratória da massa sobre o diafragma, aquando da colocação no sistema de retenção. Após reversão foi admitida na UCI e submetida a excisão cirúrgica total da massa (910g) e nefroureterectomia total direita em D2, tendo-se identificado teratoma imaturo, sem malignidade ou invasão. Mesmo após a excisão, manteve necessidade de internamento prolongado em UCI por complicações decorrentes (1) da massa compressiva e (2) das complicações inerentes aos cuidados intensivos. Das primeiras destacamos miocardiopatia dilatada secundária a HTA com necessidade de aminas durante 20 dias, (troponina máxima 357,5pg/mL, NT-proBNP 8089pg/mL, em D2) e insuficiência respiratória sob ventilação mecânica durante 8 dias. Das complicações dos cuidados intensivos, destacamos sépsis secundária a endocardite infeciosa (em D11) provavelmente decorrente da miocardiopatia dilatada, neoplasia e presença de CVC. O ecocardiograma tinha vegetações na parede posterior da aurícula direita e isolou-se Staphylococcus aureus sensível à meticilina na hemocultura do CVC. Cumpriu 6 semanas de antibioticoterapia e 4 semanas de enoxaparina terapêutica. Houve ainda compromisso renal com TFG mínima 41mL/min/1,73m2 sem necessidade de substituição e discrasia hemorrágica por úlcera de stresse com necessidade suporte transfusional agressivo. Optou-se por não iniciar quimioterapia e manter vigilância.
Conclusão: Com este caso pretendemos demonstrar as implicações graves que uma massa abdominal pode ter e que podem persistir mesmo após a sua extração e condicionar internamento em UCI com os riscos inerentes associados a esse internamento.

Palavras Chave: endocardite, HTA, miocardiopatia dilatada, tumor retroperitoneal.