1 - Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Hospital Dona Estefânia, Área de Pediatria Médica, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa;
2 - Unidade de Otorrinolaringologia do Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3 - Serviço de Pediatria, Hospital da Horta, Faial
- Reunião nacional – 49º Congresso Português de Neonatologia
- Publicação sob a forma de resumo
Resumo:
Introdução: Os tumores congénitos da orofaringe são raros e, mesmo quando histologicamente benignos, podem causar obstrução grave da via aérea. Os hamartomas são proliferações benignas pseudoneoplásicas que podem associar-se a outras malformações.
Relato de Caso: Criança nascida em hospital de apoio perinatal insular, às 38 semanas, após gestação sem intercorrências, por cesariana electiva, com peso 2560g e índice de Apgar 10 aos 1º e 5º minutos. Às 12h, iniciou estridor inspiratório, polipneia, tiragem e dificuldade alimentar; cerca de 12h depois, teve episódio de cianose, recuperando com oxigénio à face. A nasofaringolaringoscopia identificou massa arredondada (~2cm de diâmetro), pediculada e basculante, proveniente da orofaringe/hipofaringe esquerda. Em condições de manejo de via aérea difícil, sob laringoscopia e fibroscopia, conseguiu-se entubação endotraqueal, sendo transferida em ventilação assistida, para unidade de referência neonatal de via aérea difícil, no continente. Nova endoscopia flexível nasal e RMN da faringe confirmaram a massa como “provável hamartoma faríngeo”. Ao 7º dia, foi feita exérese da neoformação da orofaringe, sem complicações. A histologia confirmou lesão tipo hamartomatoso. O pós-operatório decorreu sem complicações, permitindo extubação para ar ambiente após 48 horas. A aquisição de autonomia alimentar foi progressiva, tendo alta domiciliar com 21 dias.
Conclusões: A avaliação da cavidade oral deve ser parte integrante da abordagem da dificuldade respiratória do recém-nascido, pois os tumores congénitos da orofaringe frequentemente não têm diagnóstico pré-natal. As unidades onde nascem crianças devem ter capacidade técnica de manejo agudo de via aérea difícil, garantindo transporte em segurança para unidade de referência; esta é responsável pela abordagem multidisciplinar do estudo diagnóstico anatómico e imagiológico, para caracterização da lesão e decisão da abordagem terapêutica adequada. O sucesso destas situações depende da conjugação de competências técnicas multidisciplinares entre hospitais de apoio perinatal e de apoio perinatal diferenciado, com o apoio do transporte inter-hospitalar neonatal e pediátrico.
Palavras Chave: estridor, hamartoma, orofaringe, recém-nascido