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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ESPASMOS EPILÉPTICOS INFANTIS - ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA E RESULTADOS DE TRATAMENTO ANTES E DEPOIS DO PROTOCOLO NACIONAL

Sílvia Jorge1,2, Miguel Pereira1,3, Andreia Pereira1, Ana Moreira1, Carla Conceição4, Cristina Halpern1, Daniel Carvalho5, Eulália Calado1, Sandra Jacinto1,  Rita Lopes Silva1, Sofia Duarte1, José Pedro Vieira1, Ana Isabel Dias1

1 - Unidade de Neurologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE
2 - Unidade Funcional de Pediatria, Departamento da Criança, Hospital de Cascais
3 - Centro da Criança e do Adolescente, Hospital CUF Descobertas
4 - Serviço de Neurorradiologia, Hospital de S. José – Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE
5 - Laboratório de EEG, Hospital Dona Estefânia - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

- Poster apresentado no 15º Congresso Sociedade Portuguesa Neuropediatria – evento virtual. 13-14 Maio 2022

Introdução: Espasmos infantis (EI) são uma encefalopatia epiléptica grave da infância, caracterizada por espasmos epiléticos em salvas, hipsarritmia e paragem/regressão de desenvolvimento. Um dos elementos da tríade (frequentemente a hipsarritmia) pode estar ausente. A terapêutica óptima continua a ser debatida, entre tratamentos hormonais (ACTH, tetracosactido, prednisolona), vigabatrina ou combinado. Em 2017 foi proposto um protocolo nacional de forma a uniformizar terapêutica. Pretendemos analisar o impacto da sua implementação no nosso centro.
Métodos: Estudo observacional, retrospetivo, conduzido por consulta dos processos clínicos de crianças com EI admitidas para tratamento num hospital de referência (2012-2020). Constituíram-se dois grupos de análise com referência à data de apresentação do protocolo. Análise estatística com SPSS® (significado estatístico, p<0,05).
Resultados: Incluíram-se 58 crianças (N=30 pré-protocolo e N=28 pós-protocolo). As características prévias à instituição de terapêutica, etiologia dos EI, regressão/paragem de DPM ou hipsarritmia na apresentação foram semelhantes entre grupos. O regime terapêutico combinado foi o mais frequente (N=13), seguido da vigabatrina (N=12), sem diferença estatística entre grupos. O tetracosactido foi administrado maioritariamente em regime diário no grupo pré-protocolo e dias alternados no pós-protocolo. A resposta precoce (ausência de espasmos e hipsarritmia aos 14 dias de tratamento), não foi diferente entre grupos, embora com tendência favorável ao pós-protocolo (64,3%vs 43,3%, p=0,11). A prevalência de recidivas tardias e a evolução com epilepsia refractária não obteve diferença estatisticamente significativa. A presença de atraso grave do DPM aos 2 anos de seguimento foi maior no grupo pré-protocolo (58,3%vs 27,3%, p=0,029).  Na população estudada, 37% evoluiu com epilepsia refratária e 65,2% com ADPM moderado/grave.
Conclusões: Os regimes terapêuticos atualmente adotados no tratamento de EI estão alinhados com a evidência. A implementação do protocolo permitiu maior homogeneidade na terapêutica, sem prejuízo dos outcomes precoces e a prazo. Verificou-se elevada morbilidade em termos de epilepsia e neurodesenvolvimento, contudo concordante com resultados publicados.