Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
- V Encontro Nacional Pfizer. Albufeira, 29/4/2012 (Mesa redonda).
A nutrição agressiva e a excessiva aceleração do crescimento em crianças nascidas pré-termo estão associadas ao risco de futura obesidade e síndrome metabólica.
Estima-se que ao nascer 18% dos recém-nascidos pré-termo tenham tido restrição de crescimento intrauterino e que no momento da alta 75% tenham restrição de crescimento pós-natal. Ao perderam parte ou a totalidade do 3º trimestre, em que ocorre enorme transferência de nutrientes, o recém-nascido pré-termo fica deficitário pela dificuldade em providenciar em meio extrauterino adequada nutrição por via parentérica e entérica.
Nesta população, a nutrição agressiva pretende mitigar não só o défice de crescimento, mas também o défice de neurodesenvolvimento e a doença óssea metabólica. A administração parentérica precoce de elevadas concentrações de energia, proteína, cálcio e fósforo, assim como o início precoce de nutrição entérica trófica, seguida de nutrição plena com leite materno ou de dadora, fortificado quando indicado, ou de fórmula para pré-termo na indisponibilidade das opções anteriores, melhoram pelo menos a curto e médio prazo o crescimento, o neurodesenvolvimento e a saúde óssea. Após a alta, deve promover-se a amamentação, ou quando esta se mostra insuficiente, recorrer a fórmulas enriquecidas em energia e nutrientes, próprias para após a alta de crianças prematuras até estas atingirem o peso e idade de termo corrigida.
Ao colocar-se o dilema das consequências negativas a longo prazo da nutrição agressiva acima referidas e a má-nutrição cerebral por défice de suprimento energético-proteico, os clínicos têm sido favoráveis à nutrição agressiva, vigiando no entanto a evolução somatométrica para evitar um ganho exagerado de peso.
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