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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DIFICULDADES TERAPÊUTICAS NA OBESIDADE. A PROPÓSITO DE UM CASO DE ABCESSO CEREBRAL RECORRENTE

Raquel Almeida Branco1, Rita Valsassina1, Mário Matos2, Amets Sagarribay2, Bernardo Araújo3, Maria João Brito1

1 - Unidade de Infeciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
2 - Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
3 - Serviço de Otorrinolaringologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central

- 21º Congresso Nacional de Pediatria, apresentado sob a forma de poster

Resumo:
Introdução: Os abcessos cerebrais são uma complicação rara mas grave da sinusite pelo que o diagnóstico célere e uma abordagem adequada são fundamentais. A obesidade é uma comorbilidade cada vez mais frequente em pediatria que pode dificultar a abordagem terapêutica de várias patologias.
Relato de caso: Adolescente obeso com IMC 31kg/m2 (P > 97) com o diagnóstico de sinusite aguda medicado com amoxicilina e ácido clavulânico durante 10 dias com melhoria parcial. Cinco dias após terminar a antibioticoterapia reiniciou febre e iniciou cefuroxime-axetil. Dois dias depois refere agravamento da cefaleia com despertar noturno, afasia e sonolência. A TC-CE revelou abcesso intracraniano e empiema subdural e pansinusopatia. Foi realizada drenagem do abcesso e empiema subdural, antrostomia, etmoidectomia e iniciou vancomicina, ceftriaxone, metronidazol com melhoria clínica parcial. Não foi identificado o agente etiológico. Após 12 dias observou-se nova coleção intracraniana e foi submetido a nova drenagem de empiema subdural e de sinusite mantendo antibioterapia tripla. Durante este período houve necessidade de ajustes sucessivos da dose de vancomicina por níveis infraterapêuticos para 150% da dose máxima diária recomendada e verificou-se melhoria clínica progressiva.
Conclusões: A antibioticoterapia em crianças obesas é um desafio, dado as alterações fisiológicas que interferem com a farmacocinética e farmacodinâmica dos medicamentos. Muitas vezes o que está em causa não é uma diminuição da susceptibilidade aos anitimicrobianos. A ausência de consenso sobre ajuste terapêutico em crianças obesas, pode resultar em doses subóptimas com consequente insuficiência terapêutica e consequências na evolução da doença.

Palavras Chave: Abcesso cerebral, Dose terapêutica, Obesidade, Sinusite