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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
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DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL DE ENTEROPATIA PERDEDORA DE PROTEÍNAS POR MUTAÇÃO EM HOMOZIGOTIA NO GENE PLVAP: CASO CLÍNICO E REVISÃO DA LITERATURA

Susana Lemos Ferreira1, Marta Amorim1, Claúdia Rijo2, Álvaro Cohen2, Inês Carvalho1,2

1 Serviço de Genética Médica, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal;
2 Centro de Diagnóstico Pré-Natal, Maternidade Alfredo da Costa, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, Lisboa, Portugal

- Reunião Científica da Associação Portuguesa de Diagnóstico Pré-natal, 1-2 de Outubro. Sob a forma de poster.

Resumo:
Introdução: A enteropatia perdedora de proteínas (EPP) é uma entidade rara caracterizada pela perda de proteínas pelo trato gastrointestinal. As formas primárias são geneticamente heterogéneas e geralmente com mau prognóstico. Mutações no gene Plasmalemma Vesicle-Associated Protein (PLVAP) causam disrupção das fenestrações do endotélio diafragmático e são responsáveis por Diarreia 10 com enteropatia perdedora de proteínas (DIAR10, AR, # 618183), com manifestações intestinais e extra-intestinais. Até ao momento foram reportados 5 casos na literatura.
Caso clínico: Casal consanguíneo, natural do Paquistão, avaliado em Consulta de Genética Médica por gestação em curso com alterações ecográficas e antecedentes de gestação anterior com morte fetal. Na gestação anterior: rastreio combinado do 1º trimestre de alto risco para T21, com translucência da nuca (TN) de 4.5 mm. O microarray fetal não revelou alterações. Morte fetal às 27 semanas e 6 dias por hidrópsia. Na gestação em curso, às 13 semanas feto com TN 10.9mm. Realizada biópsia das vilosidades coriónicas: microarray (XY) e painel NGS rasopatias, sem alterações. Ecografia morfológica precoce às 19 semanas, a evidenciar edema subcutâneo generalizado, intestino hiperecogénico e rins ecogénicos com diferenciação‑corticomedular pouco definida. Após aconselhamento pré-natal, o casal optou por prosseguir com a gestação. Parto por cesariana urgente às 35 semanas, por suspeita de sofrimento fetal. Recém-nascido com instabilidade hemodinâmica, atingimento multissistémico e dismorfismos. Mendelioma identificou a variante PLVAP:c.206del (p.(Gly69Alafs*7)), em homozigotia, classificada como provavelmente patogénica, suportando o diagnóstico de DIAR10. Pelo mau prognóstico, decidiu-se pela não intervenção terapêutica. Óbito em D21 de vida. Subsequentemente, foi possível oferecer diagnóstico pré-natal dirigido numa gestação posterior.
Conclusão: Mutações com perda de função no gene PLVAP são responsáveis por EPP sindromática, com apresentação pré-natal e mau prognóstico. O diagnóstico pré-natal foi fundamental para decisão terapêutica e o adequado aconselhamento genético à família. Apesar de ser uma entidade rara, deverá constar do diagnóstico diferencial de hidrópsia fetal não imune.

Palavras Chave: Diarreia 10 com enteropatia perdedora de proteínas, hidrópsia fetal não imune, gene PLVAP, manifestações intestinais e extra-intestinais