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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA E SEGURANÇA DA IMUNOTERAPIA ESPECÍFICA SUBCUTÂNEA EM IDADE PEDIÁTRICA E EM IDADE ADULTA

Inês Sangalho1, Pedro Coelho1, Gonçalo Martins-dos-Santos1, Susana Palma-Carlos1, Paula Leiria-Pinto1

1 - Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- 42ª Reunião Anual da SPAIC, reunião nacional, apresentação sob a forma de poster

Resumo:
Introdução: A prevalência da doença alérgica respiratória (DAR) tem vindo a aumentar em todas as idades. A imunoterapia específica de alergénio (IE) apresenta-se como terapêutica modificadora da doença. Apesar de indicada em adultos e crianças, existem poucos estudos que comparem a eficácia e segurança entre estes dois grupos. Dados nesta área poderão auxiliar à decisão clínica.
Objetivos: Pretendeu-se comparar a eficácia e segurança da IE subcutânea (SCIT) entre estes dois grupos num Serviço terciário de Imunoalergologia.
Métodos: Foram incluídos doentes com DAR sob SCIT há pelo menos 3 anos, prescrita pelo mesmo imunoalergologista entre 2009 e 2018. Separou-se os que iniciaram a SCIT com menos de 18 ou com 18 anos ou mais. Comparou-se recorrendo ao SPSS v26 a avaliação inicial e a final de ambos os grupos: controlo clínico, terapêutica preventiva diária, testes cutâneos por picada (TCP), IgE sérica específica (sIgE) e reacções adversas.
Resultados: Foram incluídos 47 doentes, 35 no grupo pediátrico (GP) e 12 no de adultos (GA). A mediana de idades no GP foi 10 anos (A) (P25-75 8-12) e no GA foi de 37,5 A (P25-75 19,5-49,3). No GP a mediana da duração de SCIT foi de 44 meses (M) (P25-75 36-60) e no GA foi 50 M(P25-75 39-61). Tanto no GP como no GA verificou-se, na maioria dos casos, redução da gravidade e redução farmacológica na rinite, sem diferenças estatisticamente significativas entre os 2 grupos, X2 (1, N=47) =1,21, p=0,272 e X2 (1, N=47)=0,09, p=0,764. A SCIT associou-se, em mais de 50% dos casos, a redução do degrau terapêutico da asma em ambos os grupos, verificando-se um maior número de doentes com melhoria do controlo no GP, sem diferença significativa entre os 2 grupos, X2 (1, N=47) =1,90, p=0,169 e X2 (1, N=47) =3,22, p=0,073, respectivamente. Apenas no GA, se objectivou redução significativa do diâmetro dos TCP e sIgE do alergénio da IE (t=3,492; p=0,005 e Z=-2,275; p=0,023, respectivamente). No GP, não houve variações significativas. As reacções adversas foram ligeiras e raras (11% no GP e 8% no GA), com uma frequência que não variou significativamente em ambos os grupos, X2 (1, N=47) =0,09, p=0,764.
Conclusões: Quer em crianças quer em adultos a SCIT foi segura e relacionou-se com melhoria clínica da DAR. Nos adultos objetivou-se redução dos TCP e da sIgE, sugerindo que neste grupo etário poderão ser utilizados como auxiliares na monitorização da eficácia da SCIT. Estes resultados reforçam que a SCIT tem indicação em todas as idades e que a avaliação da resposta ainda é sobretudo pela clínica.

Palavras Chave: Imunoterapia específica subcutânea; idade adulta; idade pediátrica; eficácia; segurança