1 - Interna de Formação Específica em Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Interno de Formação Específica em Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área de Pediatria, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, Lisboa
3 - Interna de Formação Específica em Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
4 - Psiquiatra da Infância e da Adolescência, Assistente Hospitalar Graduada Sénior, Chefe de Equipa da Clínica do Parque, Área de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- Reunião internacional sob o formato de poster - XI Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente.
Resumo:
Introdução: O reconhecimento emocional das expressões faciais corresponde à capacidade de identificar a emoção expressa por determinada expressão facial. É parte essencial da cognição social e é determinado pela ativação de circuitos corticais complexos. A evidência disponível indica que as crianças e os adolescentes são menos sensíveis às variações entre diferentes expressões faciais, o que pode estar relacionado com a maturação relativamente tardia de determinadas regiões cerebrais, como o córtex pré-frontal. Inúmeras perturbações psiquiátricas estão associadas a alterações significativas de variadas funções cognitivas, e a própria manifestação de psicopatologia pode prejudicar significativamente o funcionamento social e a disponibilidade do indivíduo para o estabelecimento de relações interpessoais satisfatórias.
Objetivos: Esta revisão científica teve como objetivo identificar e caraterizar a associação entre o reconhecimento emocional de expressões faciais e a existência de psicopatologia em crianças e adolescentes.
Metodologia: Foi realizada através da análise cuidada da evidência científica disponível nas plataformas eletrónicas MEDLINE, Embase e Cochrane Library.
Resultados: Diversas patologias psiquiátricas parecem associar-se a dificuldades no reconhecimento emocional de expressões faciais em crianças e adolescentes, incluindo: perturbação do espectro do autismo, perturbação de hiperatividade e défice de atenção, perturbações do humor e da ansiedade, perturbações do espectro da esquizofrenia, perturbações do comportamento alimentar e perturbação do comportamento. Para além da aplicação de testes de reconhecimento emocional e facial, alguns estudos com exames de imagem identificaram alterações na ativação de diversas regiões cerebrais.
Conclusões: As razões que justificam a presença destas dificuldades em crianças e adolescentes com perturbações psiquiátricas são ainda maioritariamente desconhecidas, mas sabe-se que o processamento das informações provenientes da observação e interpretação de expressões faciais é amplamente variável e dependente de fatores hereditários, genéticos e ambientais. Tendo em conta a associação frequente entre perturbações psiquiátricas na infância e na adolescência e a existência de dificuldades no reconhecimento e processamento de emoções e expressões faciais, é possível que estes fatores estejam simultaneamente associados ao desenvolvimento de psicopatologia. A adaptação social é mais difícil e limitada para estas crianças e jovens, pelo que é importante a criação de estratégias de identificação e intervenção específicas nesta área.
Palavras Chave: “adolescent*”, OU “child*”, “facial emotion recognition” E “mental health” OU “psychiatry”.