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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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“AS APARÊNCIAS NÃO ILUDEM” – A PROPÓSITO DE 2 CASOS DE (SUPOSTA) PERTURBAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR (PCA)

Ana Lança1; Joana Vasconcelos1; Rui Carvalho2; Rita Coelho1; Catarina Borges1; Sofia Bota3; Isabel Afonso3; Leonor Sassetti1

1 - Unidade de Adolescentes, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central;
2 - Serviço de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central;
3 - Unidade de Gastroenterologia Pediátrica¸ Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- Reunião Nacional: 21º Congresso Nacional de Pedaitria

Resumo:
Introdução / Descrição do Caso: No período de pandemia tem-se verificado em todo o mundo um aumento da incidência das PCA. O seu diagnóstico implica exclusão de outras patologias. Sexo feminino, 13 anos, inicia 18 meses antes do internamento perda ponderal intencional com distorção da imagem corporal; um ano depois surge alteração do padrão intestinal com dejeções diarreicas, por vezes com sangue vivo, enfartamento e dor abdominal pós-prandiais a amenorreia secundária. À admissão IMC 11,9kg/m2; abdómen distendido e doloroso nos quadrantes esquerdos. Analiticamente Hb 10,1 g/dL, PCR 34 mg/L, calprotectina fecal (CF)1720 ug/g. Em D5 inicia febre e dejeções aquosas; agentes infecciosos negativos.Por suspeita de doença inflamatória intestinal (DII) realiza endoscopia com úlceras duodenais e entero-RM com skip lesions do íleon com espessamento ligeiro da última ansa intestinal. Inicia dieta polimérica e azatioprina. Sexo feminino, 14 anos, padrão alimentar restritivo evitativo desde a infância com cruzamento de percentis; agravamento no último ano (perda ponderal de 21%), amenorreia primária e ansiedade marcada; transferida por PCA. À admissão IMC 11,9kg/m2; Hb 11,8g/dL, ferritina 853 ng/ml, plaquetas 678000/uL, PCR 80 mg/L. Por dor e distensão abdominal realiza entero-RM com doença estenosante grave do íleon; CF 800 ug/g e ASCA+. Diagnóstico de DII, inicia dieta polimérica e antibioterapia tripla.
Comentários / Conclusões: A perda ponderal pode ter inúmeras causas; uma história clínica detalhada e exames criteriosos são a base da abordagem inicial. Por apresentarem manifestações clínicas indistinguíveis, como emagrecimento e anorexia, pode existir atraso no diagnóstico de DII por presunção inicial de PCA. A evolução e o aparecimento de novos dados devem por em causa o diagnóstico inicial.

Palavras Chave: Doença inflamatória intestinal; Emagrecimento; Perturbação do comportamento alimentar