1 - UCIN HDE, Gabinete de Segurança do Doente CHULC
- Mesa SPEQS, 21ºCongresso Nacional de Pediatria, 28 de Outubro 2021 Braga. Preletor convidado
Resumo: A morte de uma criança é uma perda devastadora que afeta profundamente os pais, irmãos, avós, família, amigos e os profissionais que se envolveram no seu cuidado. À família, é devida uma comunicação empática e cuidadosa e a família necessita também de perceber o que aconteceu à sua criança. O processo de revisão da morte de uma criança respeita os direitos da criança e da família, com a intenção de prevenir futuras mortes. Estudos recentes identificam fatores relacionados com os cuidados de saúde que, em 30% dos casos de mortes de crianças num centro hospitalar terciário, contribuíram para aumentar a vulnerabilidade do doente, sendo cerca de 26% das mortes potencialmente preveníveis. Em outubro de 2018 a organização Mundial de Saúde publicou o Guia Operacional para Auditoria e Revisão da Mortalidade Pediátrica. Com base neste manual, foi elaborado um protocolo operacional e criada uma comissão de análise de óbitos pediátricos no Hospital de Dona Estefânia em 2019 com o objetivo de identificar padrões de mortalidade e morbilidade, fatores modificáveis e intervenções para melhorar a qualidade dos cuidados e os resultados de saúde. Os casos de óbito são analisados se cumprirem algum dos critérios: Morte inesperada; Morte atribuída a uma doença comum tratável; morte após complicações; morte após cirurgia ou procedimento; dúvidas ou incertezas dos profissionais ou da família em relação aos acontecimentos que precederam a morte; várias mortes semelhantes em curto período; suspeita de possível deficiência nos cuidados prestados. O processo de revisão tem permitido, de forma confidencial, a discussão dos dados analisados com a equipa de profissionais de saúde envolvida nos cuidados com vista a atribuir uma causa, determinar se os cuidados prestados foram consistentes com as boas práticas, determinar fatores modificáveis para melhorara qualidade dos cuidados no futuro, melhorar a documentação do processo do doente, proporcionar reflexão e apoio na equipa e, diante da família, valorizar a vida da criança e aprofundar as causas de morte.