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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ALERGIA MEDICAMENTOSA NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA

Pedro Simão Coelho1, Gonçalo Martins dos Santos1, Mila Mikovic1, João Oliveira2, Sónia Rosa1, Paula Leiria Pinto1, Eduardo Gomes da Silva2

1 - Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Serviço de Medicina Interna 2.3, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central 

- 42ª Reunião Anual da SPAIC, reunião nacional, apresentação sob a forma de comunicação oral

Resumo:
Introdução e objetivos: As reações de hipersensibilidade (RH) a fármacos são responsáveis por cerca de 10% das reações adversas medicamentosas, mas a sua verdadeira prevalência na população não é conhecida. O historial de alergia medicamentosa (AM) condiciona a prática clínica pela necessidade de evicção dos respetivos fármacos. Este estudo tem como objetivo caracterizar o historial de AM e o seu impacto na abordagem clínica dos doentes.
Métodos: Estudo observacional retrospetivo, realizado através da consulta de processos clínicos de doentes internados num Serviço de Medicina Interna de um hospital terciário entre 2018 e 2020. Todos os doentes com registos de AM foram incluídos.
Resultados:  De 3046 doentes foram incluídos 470 (15%), com idade mediana de 75 anos (min 19, máx 100), 59% (n=276) do género feminino e 3% (n=15) acompanhados em consulta de Imunoalergologia (IAL). O registo de AM constava no diário médico em 243 casos (52%) e no de enfermagem em 397 casos (84%). Os grupos mais frequentes foram os antibióticos (56%, n=265), os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) (22%, n=102) e meios de contraste radiológico (7%, n=33). Em 14% (n=68) dos doentes verificou-se suspeita de alergia a mais de um grupo. Dentro dos antibióticos, os beta-lactâmicos foram os mais frequentes (46%, n=216) e no grupo dos AINEs foi o ácido acetilsalicílico (36%, n=37). O tipo de reação estava descrito em 53% (n=249) dos doentes, imediata em 85% (n=212) e tardia em 15% (n=37). As manifestações clínicas mais frequentes, descritas em 56% (n=264) dos doentes, foram mucocutâneas (79%, n=208) e respiratórias (12%, n=32). O historial de AM motivou alteração da abordagem clínica em 14% (n=68) dos doentes, no caso dos antibióticos com utilização de fármacos de 2ª linha em 17% (n=46) e nos meios de contraste pela não realização de exames ou procedimentos em 33% (n=11) dos doentes. O fármaco registado como causa de alergia foi utilizado em 14% (n=68) dos doentes, verificando-se reação alérgica em 8 (12%) desses casos. No final do internamento, 3% (n=12) foram referenciados para consulta externa de IAL.
Conclusões: Na nossa amostra verificou-se historial de AM em 15% dos doentes, sendo os principais responsáveis os antibióticos e os AINEs. O historial de AM aos meios de contraste foi o que teve maior impacto na abordagem clínica dos doentes. A utilização do fármaco suspeito foi responsável por RH em 8 doentes. A referenciação destes doentes para a consulta de IAL é ainda bastante residual, sendo imperativo melhorar a articulação entre especialidades.

Palavras Chave: Alergia medicamentosa; Idade adulta; Enfermaria medicina