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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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A PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO NA PRIMEIRA INFÂNCIA: O MODELO DO CENTRO DE ESTUDOS DO BEBE E DA CRIANÇA DE AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Cristina Martins Halpern*1, Pedro Caldeira da Silva2, Diana Costa1, Maria João Nascimento2, Joana Mesquita Reis2, Maria Teresa Martins2, Berta Pinto Ferreira2, Isabel Santos1, Lília Carvalho2, Madalena Paiva Gomes2, Manuela Martins1, Maria João Pimentel1, Patrícia Lopes1, Paula Silva1, Rita Rapazote2, Sílvia Catarino2, Susana Aires Pereira1, Susana Pereira2, Sílvia Afonso1

1. Centro de Estudos do Bebé e da Criança. Unidade de Desenvolvimento. Hospital Dona Estefânia. Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Lisboa. Portugal. 2. Centro de Estudos do Bebé e da Criança. Unidade da Primeira Infância da Especialidade de Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Hospital Dona Estefânia. Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Lisboa. Portugal.

*Autor correspondente: Cristina Martins Halpern. Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

- Acta Med Port 2021 Oct;34(10):657-663

Resumo:
Introdução: O Centro de Estudos do Bebé e da Criança do Hospital Dona Estefânia desenvolveu um modelo multidisciplinar de atua- ção na suspeita de perturbação do espetro do autismo na primeira infância, aplicando a recente norma da Direção Geral da Saúde. Pretende-se descrever a sua apresentação e casuística.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo descritivo da série de crianças(< 3 anos), observadas por suspeita de perturbação do espetro do autismo, entre janeiro de 2018 e setembro de 2019, segundo este modelo e a classificação DC:0-5TM.

Resultados: Foram observadas 178 crianças. A idade média da primeira consulta foi de 27 meses. Do total de crianças observadas, 116 concluíram as sessões diagnósticas (diagnóstico eixo I): perturbação do espetro do autismo/ perturbação do espetro do autismo atípica precoce (36%), perturbação do desenvolvimento da linguagem (18%), outros(19%). Em 26% dos casos, o quadro foi atribuído a fatores classificados em outros eixos.
Discussão: O diagnóstico de perturbação do espetro do autismo foi colocado em 36%, demonstrando o desafio diagnóstico das perturbações do neurodesenvolvimento na primeira infância. A casuística demonstra ainda que as características da relação com o cuidador (eixo II), a presença de condições físicas (eixo III), fatores de stress psicossociais (eixo IV) e a trajetória de desenvolvimento (eixo V) têm um impacto clínico significativo. É desejável a antecipação da idade de sinalização pelo impacto no prognóstico.
Conclusão: Este modelo é pioneiro em Portugal ao propor uma atuação conjunta de duas especialidades na primeira infância: pedopsiquiatria e neuropediatria/pediatria desenvolvimento. Este modelo de atuação melhora a acuidade diagnóstica e permite a intervenção terapêutica precoce.

Palavras Chave: Criança; Lactente; Perturbação do Espetro do Autismo/diagnóstico; Perturbação do Espetro do Autismo/tratamento; Portugal