1. Centro de Estudos do Bebé e da Criança. Unidade de Desenvolvimento. Hospital Dona Estefânia. Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Lisboa. Portugal. 2. Centro de Estudos do Bebé e da Criança. Unidade da Primeira Infância da Especialidade de Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Hospital Dona Estefânia. Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Lisboa. Portugal.
*Autor correspondente: Cristina Martins Halpern. Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
- Acta Med Port 2021 Oct;34(10):657-663
Resumo:
Introdução: O Centro de Estudos do Bebé e da Criança do Hospital Dona Estefânia desenvolveu um modelo multidisciplinar de atua- ção na suspeita de perturbação do espetro do autismo na primeira infância, aplicando a recente norma da Direção Geral da Saúde. Pretende-se descrever a sua apresentação e casuística.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo descritivo da série de crianças(< 3 anos), observadas por suspeita de perturbação do espetro do autismo, entre janeiro de 2018 e setembro de 2019, segundo este modelo e a classificação DC:0-5TM.
Resultados: Foram observadas 178 crianças. A idade média da primeira consulta foi de 27 meses. Do total de crianças observadas, 116 concluíram as sessões diagnósticas (diagnóstico eixo I): perturbação do espetro do autismo/ perturbação do espetro do autismo atípica precoce (36%), perturbação do desenvolvimento da linguagem (18%), outros(19%). Em 26% dos casos, o quadro foi atribuído a fatores classificados em outros eixos.
Discussão: O diagnóstico de perturbação do espetro do autismo foi colocado em 36%, demonstrando o desafio diagnóstico das perturbações do neurodesenvolvimento na primeira infância. A casuística demonstra ainda que as características da relação com o cuidador (eixo II), a presença de condições físicas (eixo III), fatores de stress psicossociais (eixo IV) e a trajetória de desenvolvimento (eixo V) têm um impacto clínico significativo. É desejável a antecipação da idade de sinalização pelo impacto no prognóstico.
Conclusão: Este modelo é pioneiro em Portugal ao propor uma atuação conjunta de duas especialidades na primeira infância: pedopsiquiatria e neuropediatria/pediatria desenvolvimento. Este modelo de atuação melhora a acuidade diagnóstica e permite a intervenção terapêutica precoce.
Palavras Chave: Criança; Lactente; Perturbação do Espetro do Autismo/diagnóstico; Perturbação do Espetro do Autismo/tratamento; Portugal