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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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A CETOACIDOSE DIABÉTICA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DIABETES MELLITUS TIPO 1: AINDA UMA REALIDADE FREQUENTE

Francisco Branco Caetano1, Ana Lança2, Cláudia Rodrigues3, Ana Margarida Garcia4, Sofia Bota5, Catarina Diamantino6, Ana Laura Fitas6, Júlia Galhardo6, Rosa Pina6, Lurdes Lopes6, Catarina Limbert6

1 - Área de Pediatria Médica, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central - Hospital D. Estefânia
2 - Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental – Hospital S. Francisco Xavier
3 - Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Médio Tejo – Hospital de Torres Novas
4 - Unidade de Infecciologia Pediátrica, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central - Hospital D. Estefânia
5 - Unidade de Gastrenterologia Pediátrica, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central - Hospital D. Estefânia
6 - Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central - Hospital D. Estefânia

- reunião nacional: Reunião Anual da Sociedade de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria

Resumo:
Introdução: A taxa de cetoacidose diabética (CAD) na diabetes mellitus tipo 1 (DM1) inaugural é multifatorial e heterogénea entre países, parecendo existir uma relação inversa entre a frequência de CAD e a incidência de DM1. Os dados nacionais de incidência de CAD na DM1 inaugural são limitados.
Objectivos: Determinar a frequência e os fatores de risco para CAD na DM1 inaugural em idade pediátrica.
Métodos: Análise descritiva retrospetiva de dados clínicos e analíticos de doentes com menos de 18 anos à data da DM1 inaugural referenciados a um hospital de nível III entre 1 de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2019 (7 anos).
Resultados: Foram incluídos 228 crianças e adolescentes, com média de idades de 9,3 anos (0,9-17, anos; SD± 4,2 anos). Destes, 3,5% tinha uma idade inferior a 2 anos. Observou-se uma incidência média de 33 casos ao ano, com tendência crescente até 2017. Os casos de DM1 em crianças com menos de 5 anos duplicaram no período de estudo (n=3 vs n=7). 11,4% dos doentes tinham antecedentes familiares de DM1. Foi diagnosticada CAD em 84 (38,7%) doentes, tendo sido considerada grave em 17 (20%); em 14 (6,1%) foi necessário internamento em unidade de cuidados intensivos. A CAD foi mais frequente em doentes com menos de 2 anos (p=0,023). A incidência de CAD foi de 23% em 2013 e permaneceu estável até 2019 (36,6-40,9%). Em crianças com mais de 5 anos, um maior valor de HbA1c correlacionou-se com CAD (p=0,041). A DM1 inaugural sem CAD associou-se a antecedentes familiares de DM1 (p=0,015).
Conclusões: A análise demonstrou uma tendência crescente da incidência de DM1 e uma taxa elevada de CAD ao diagnóstico, sendo esta mais frequente em crianças com menos de 2 anos. Em alguns países, campanhas de sensibilização visando escolas, pais e profissionais mostraram-se formas eficazes de redução da frequência de CAD. É urgente promover o diagnóstico precoce da DM1 através da implementação de programas educacionais.

Palavras Chave: Cetoacidose diabética, COVID-19, diabetes mellitus