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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TUBERCULOSE EM IDADE PEDIÁTRICA. 12 ANOS NUM HOSPITAL DE NÍVEL III

Diana Silva1; Madalena Borges1; Tiago Milheiro Silva1; Catarina Gouveia1; Flora Candeias1; Maria João Brito1

1 - Unidade de Infeciologia, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- 12as Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas do Hospital de Curry Cabral
- Reunião nacional
- Publicação sobre a forma de poster
- Prémio de 2º melhor poster

Introdução: O diagnóstico de tuberculose (TB) em idade pediátrica mantém-se um desafio pois a doença manifesta-se habitualmente com formas graves e extrapulmonares (TEP).
Objetivos: Caracterizar a TB num internamento de um hospital pediátrico terciário (< 18 anos).
Métodos: Estudo descritivo entre Janeiro de 2008 e Novembro de 2019 (12 anos); foram analisados fatores epidemiológicos, clínicos, diagnósticos, terapêutica e prognóstico.
Resultados: Identificaram-se 145 doentes, com média de idades de 10,5 anos, sendo 41,4% de PALOP. Vinte e sete tinham doença crónica e quatro realizavam imunosupressores. Registou-se uma média de 12 casos/ano, com aumento nos últimos três anos, sobretudo na população portuguesa: 12/22 casos em 2017 e 15/23 casos em 2019. Identificou-se o caso índex apenas em 51 (35,2%) doentes. O diagnóstico foi de tuberculose pulmonar (TP) em 53,1% e a TEP em 46,9%: ganglionar (26), óssea (16), meníngea (8), miliar (8), peritoneal (4), pleural (3), intestinal (2), renal (1), cutânea (1), da parede torácica (1) e das glândulas salivares (1). Apenas 31 (21,4%) doentes eram bacilíferos, mas o agente foi identificado em 86 (59,3%). A prova tuberculínica foi positiva em 78/99 (78.8%) e o IGRA em 61/90 (67,8%), com maior número de negativos na TEP. Registou-se TB resistente em 16 (7,5%) casos. Os doentes com TEP eram mais jovens (9,27 vs 11,64 anos; p=0,02) e fizeram tratamentos mais prolongados (9,28 vs 6,09 meses; p<0,001). Dezasseis (11%) apresentaram complicações da terapêutica: hiperuricemia (8), hepatotoxicidade (8), lúpus induzido por fármacos (1). Dois doentes tinham infecção pelo VIH e registou-se um óbito (doente com neoplasia terminal).
Discussão: O aumento do número de casos da população portuguesa nos últimos anos evidencia deficientes estratégias de saúde pública, a serem revistas com urgência. O estudo alerta ainda para a necessidade do rastreio sistemático da infeção em crianças de PALOP, em imunossuprimidos e na doença crónica, negligenciado por alguns profissionais de saúde.

Palavras Chave: pediatria, doenças infeciosas, tuberculose, tuberculose extrapulmonar, tuberculose pulmonar.