1 - Assistente Graduada de Medicina Física e de Reabilitação; Área Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
- Reunião de Serviço de Ortopedia pediátrica do HDE – 17/12/2020
Resumo:
A dor manifestada no sistema músculo-esquelético tem geralmente relação com causa física, seja traumática, inflamatória, infecciosa ou neoplásica. São dores nociceptivas, inflamatórias ou neuropáticas. No entanto, existe um 4º tipo de dor, não relacionada com lesão física, denominada por alguns autores como dor funcional. É uma dor de causa central, sem tradução imagiológica ou laboratorial. Este tipo de dor nem sempre é corretamente diagnosticado pelos profissionais de saúde que, por não perceberem o quadro clínico, muitas vezes atribuem incorretamente a etiologia a um achado imagiológico ou a um acidente traumático ocorrido há muito tempo. Quando não encontram nada a que possam atribuir a dor, dizem ao adolescente e à família que "é tudo psicológico" e que “não tem nada!". Esta abordagem deve ser evitada, pois a dor funcional é real, frequentemente muito intensa e não beneficia em nada, se não impossibilita, o futuro tratamento destes doentes. O quadro clínico denominado de TMS - tension myoneural sindrome - onde a dor funcional é a sintomatologia mais importante, faz parte do grupo de manifestações psicossomáticas. A principal característica, e que a diferencia dos outros quadros psicossomáticos, é a de não ter um ganho secundário. A somatização manifesta-se para evitar um conflito psíquico. Existe um sofrimento emocional intenso e o único escape à "verdadeira dor" é a manifestação física, a somatização. Nos últimos 12 anos, tem sido referenciado à Medicina Física e de Reabilitação do HDE um número crescente de crianças e adolescentes com este quadro clínico. A autora elaborou, com sucesso, formas de abordagem terapêutica sem necessidade de recorrer a apoio psicológico em 90% dos casos.
Palavras Chave: Conflito; dor; sofrimento; somatização