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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TELEMEDICINA NUM SERVIÇO DE IMUNOALERGOLOGIA – MUDANÇA DE PARADIGMA?

Inês Sangalho1, Susana Palma-Carlos1, Paula Leiria Pinto1

1 – Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, E.P.E., Lisboa, Portugal

- 41ª Reunião Anual SPAIC, reunião nacional, apresentação sob a forma de poster

Resumo:
Introdução e objectivo: A pandemia de COVID-19 obrigou a uma restruturação rápida dos cuidados de saúde com generalização da teleconsulta (Tc), prescindindo-se do exame objectivo (EO) e de exames complementares de diagnóstico (ECD) baseando as decisões unicamente na história clínica. Pretendeu-se analisar esta realidade no período de confinamento, num Serviço de Imunoalergologia de referência.
Métodos: Comparou-se o movimento assistencial de Abril e Maio de 2020 (exclusivamente não presencial) com o período homólogo de 2019. Foi também aplicado um inquérito de opinião aos médicos do Serviço.
Resultados e conclusões: No período analisado, em 2019, realizaram-se 515 primeiras consultas (PC) e 2178 consultas subsequentes (CS). Em 2020, realizaram-se 342 PC e 2085 CS. Relativamente aos ECD: em 2019, realizaram-se 555 testes de sensibilidade cutânea (TSC), 81 provas de provocação oral (PPO) e 1091 provas de função respiratória (PFR). Em 2020, 0 TSC, 0 PPO e 0 PFR. O questionário foi preenchido por 14/ 18 médicos, 64% assistentes hospitalares. 57% dos médicos, para além da TC, realizaram concomitantemente actividade assistencial presencial em SU/enfermarias COVID. Como principais vantagens da Tc foram apontadas: diminuição do risco de infecção, manutenção de acompanhamento dos doentes e flexibilidade de horário. Como desvantagens: impacto negativo na relação médico-doente, ausência de EO e de ECD. Na abordagem da asma, todos os médicos optaram por iniciar terapêutica inalatória (TI) nos doentes de primeira consulta, 12/14 optaram por incrementar a TI nos sintomáticos e 9/14 não reduziram a terapêutica nos doentes controlados. No ensino da TI, a maioria recorreu a visualização de vídeos. Na abordagem da patologia cutânea, todos recorreram ao envio de fotos por e-mail e 10/14 basearam-se ainda na descrição das lesões. 93% concordaram com a manutenção da Tc após a pandemia em casos seleccionados: reavaliação de patologia não grave complementada com observação presencial anual. A Tc permitiu manter o acesso aos cuidados de saúde, apesar da total ausência de ECD e de EO, que condicionou uma abordagem mais defensiva. Tanto na asma como na patologia cutânea utilizaram-se recursos tecnológicos como auxiliares, mas cuja eficácia não foi ainda possível aferir. A maioria dos médicos considera existir lugar futuro para a Tc na actividade assistencial, o que poderá levar a uma mudança de paradigma.

Palavras Chave: telemedicina, pandemia COVID-19, acessibilidade