1 - Unidade de Infeciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Serviço de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- 1ªs Jornadas Digitais de Pediatria, Sociedade Portuguesa Pediatria, publicação sob forma de poster
Resumo:
INTRODUÇÃO A dermatite artefacta (DA) é uma entidade rara caracterizada por lesões cutâneas induzidas pelo próprio doente. Por vezes a DA pode estar associada a doenças do foro psicossomático dificultando o diagnóstico. A síndrome de dor regional complexa (SDRC) cursa com dor musculo-esquelética intensa, desproporcional aos achados físicos e sinais de disfunção autonómica.
DESCRIÇÃO DO CASO: Os autores apresentam o caso de uma adolescente de 11 anos, com dor no membro superior direito (MSD) e limitação funcional, associada a lesões dérmicas crónicas com dois meses de evolução. Os registos fotográficos mostravam pápulas eritematosas, lesões ulceradas superficiais com cicatrização espontânea e recorrência. A palpação do MSD era dolorosa, com alodinia, hiperalgesia, extremidades frias e imobilização do membro em posição atípica. Tinha sido observada em múltiplas consultas e realizado ciclos de antibióticos, antifúngicos e corticoterapia, sem melhoria. Estudos analítico e imagiológico foram normais. A biópsia cutânea revelou necrose da epiderme, sugerindo escoriação ou outro dano, induzido exogenamente. Em internamento registou-se regressão de lesões cutâneas, mas manutenção da dor sem alívio com analgesia. A entrevista com pedopsiquiatria revelou contacto superficial, pouca modulação afetiva e dificuldade em expressar emoções ou falar sobre o seu sofrimento, numa postura compatível com a descrição de “belle indifference”. O diagnóstico final foi de SDRC tipo I associado a DA.
COMENTÁRIOS/CONCLUSÕES: O diagnóstico de DA resulta da exclusão de outras doenças e pode ser necessário internamento e colaboração da psiquiatria. A SDRC é um diagnostico complexo e exige uma avaliação multidisciplinar. O prognóstico depende do início precoce da intervenção psicológica e de reabilitação motora.
Palavras Chave: dermatite artefacta, síndrome dor regional complexa